A Av. Paulista fecha para carros aos domingos, o que a torna um belo lugar para passear.
Nela, artistas de rua a cada esquina vendem os seus sonhos, em busca de alguns trocados. Porém, esse da foto era diferente. Primeiro, a música (Bach eu acho) era muito bem tocada, bastante bonita. Segundo, ele tocava uma vassoura-violino, seja lá o que isso for.
Uma forma de se diferenciar é através da criatividade.
Devido ao padrão de interferência da luz, o resultado é uma espécie de linha tracejada (positivos se reforçando e pontos negativos e positivos se anulando).
Provocado por um comentário (do leitor Pedro Arka), resolvi fazer o experimento com duas cores de laser: um verde e um vermelho.
O ideal era fazer um lab física de verdade, medindo o tamanho entre cristas do laser. Mas isso é profissional demais e dá trabalho demais, tira a graça de fazer o mesmo em casa. A pergunta a ser respondida aqui é: qual o laser que dá a maior distância entre tracejados?
Fiz o experimento – e fazer na prática dá trabalho, há muita coisa que atrapalha o mesmo (como as minhas 3 filhas querendo brincar com o laser, por exemplo).
Mas, a duras penas, cheguei as fotos abaixo.
As fotos para vermelho e verde foram tiradas contra uma parede mais longe, o zoom da câmera é o mesmo para ambos.
Agora, em uma parede mais próximas, o mesmo zoom.
Outro fator é que o laser verde é mais forte do que o vermelho, em termos de hardware (o vermelho comprei num camelô, o verde comprei no AliExpress e paguei bem mais caro).
Mas, mesmo assim, parece que o verde tem espaço menor entre tracejados, e por isso, mais tracejados na foto.
Agora, vejamos a teoria.
Segundo a Wikipedia, esses são os comprimentos de onda do verde e vermelho.
Color Wavelength Frequency Photon energy
Green 500–565 nm 530–600 THz 2.25–2.34 eV
Red 625–740 nm 405–480 THz 1.65–2.00 eV
O que interessa nela é que d (distância entre cristas) é diretamente proporcional ao comprimento de onda. Ou seja, quanto menor o comprimento de onda, menor a distância entre cristas. O resto dos parâmetros diz respeito ao número da crista, a relação entre a distância entre fendas e a distância para a parede, etc, que são iguais para ambos os lasers. Portanto, o verde realmente tem distância menor – ou seja, não conseguimos invalidar 200 anos de física ótica com nosso experimentozinho…
Deixando as fórmulas de lado, é legal interpretar fisicamente. O comprimento de onda é a distância entre os picos da onda. Então, se imaginar o pico como traço e o vale como espaço em branco, dá um tracejado. O vermelho é um tracejado maior do que o verde.
Sobre o contexto. Isaac Newton, aquele mesmo, postulou que a luz é composta por minúsculas partículas. Isto explicaria porque a luz não faz curvas, por exemplo.
Thomas Young foi um sujeito genial, que concebeu o experimento da fenda dupla para contrapor Newton, e provar que a luz era uma onda. Havia vários outros indícios disto, como por exemplo, a difração (mudança de direção) da luz na água.
Pois bem, a luz foi considerada uma onda desde Young, até Albert Einstein publicar em 1905 um paper sobre o efeito fotoelétrico, que só poderia ser explicado se… a luz fosse uma partícula! A luz é meio esquizofrênica, ora partícula, ora onda.
Anos depois, Louis De Broglie postulou algo mais maluco ainda. Não era apenas a luz que apresentava tal comportamento dual, mas toda a matéria!
O experimento da fenda dupla também evoluiu, de forma muito esquisita. Os cientistas tentaram enviar disparos fóton a fóton, ou melhor elétron a elétron, só que mesmo assim a interferência ocorria. Era como se o elétron interferisse com si mesmo. Mas o bizarro mesmo era quando os cientistas tentaram medir qual fenda o elétron escolhia. Neste caso, a interferência era destruída, ou seja, quando observada, o elétron se comporta como partícula!
Ou seja, passada toda a história da civilização, ainda assim estamos longe de saber o que é a luz. E, um experimento tão simples como o mostrado foi um dos precursores dessas discussões todas.
Nota: Li num livro do Robert Greene sobre a Pedra de Rosetta, trazida do Egito por Napoleão e toda a corrida científica para decifrar os misteriosos hierógrifos dos faraós. Pois bem, no livro narrava a história de um certo Thomas Young que conseguiu traduzir a pedra. Ora, o Thomas Young que decifrou os hierógrifos é o mesmo Thomas Young do experimento da fenda dupla, mostrando o quão genial era o rapaz.
Olhar o celular a cada 5 min é vício que está se tornando comum.
Este é o poder do hábito: o de fazer algo sem nem perceber que estamos fazendo…
Imagine quanto tempo desperdiçamos com maus hábitos… e o quanto de coisas boas podemos fazer com bons hábitos.
O hábito é como um fio invisível. Cada vez que o repetimos o ato reforça o fio, até que se torna um enorme cabo, e nos prende de forma irremediável, como diria Orison Swett Marden.
Ação: avalie quais os hábitos você deve abandonar imediatamente, e substitua estes por hábitos saudáveis.
Exemplo: quando der vontade de olhar para o celular, faça algo mais útil, como ler um livro ou fazer alongamento…
Sempre que olhar o celular de bobeira, lembre-se do poder do hábito
Na China, tudo quanto é pagamento é por QR code. Restaurante, paga com WeChat. Táxi, WeChat. Até os mendigos aceitam WeChat.
Qual a vantagem de um e-wallet sobre o cartão de crédito? Essas soluções tendem a ser bem mais baratas do que os cartões tradicionais. A transferência entre pessoas físicas no RappiPay, por exemplo, é gratuita.
O
problema é virar hábito. Na China, as pessoas não tinham cartão, mas
tinham celular. No Brasil, todo mundo usa cartão de débito ou crédito.
Toda loja tem uma maquininha de cartão. Como é que um WeChatPay vai
pegar no Brasil?
Esta
é uma belíssima tentativa de responder a esta pergunta. A Rappi já é um
sucesso, para entrega do almoço. Ao aplicativo normal, eles adicionaram
vários outros serviços, como o patinete elétrico da Grin, passeio de
cachorros, supermercado, etc… Com o pagamento incluso no ecossistema,
quem segura?
O WeChat é gigante na China. Fintechs abocanharam um fatia importante dos lucros dos bancos.
No Instituto Tecnológico de Aeronáutica, tínhamos a gloriosa “Associação dos Burros Esforçados”. Eu me considero um burro esforçado, porém muito esforçado.
O talento inicial é mais ou menos como um grande depósito inicial. O esforço diário é como se fosse um depósito pequeno, mas constante, ao longo do tempo.
Sem esforço, o talento deprecia, não evoluiu.
Com esforço constante e tempo suficiente, os juros compostos estarão a favor – e os juros compostos são a força mais poderosa do universo.
Vi alguns gênios preguiçosos ficando pelo caminho, e muitos burros esforçados cruzando a linha de chegada.
Com tempo e pressão constante, é possível transformar carvão em diamante!
O período médio de atenção do indivíduo é de 30 segundos.
“Mas eu não conseguiria expor meu pensamento em 30 segundos”. Ora, a TV faz isso o tempo todo!
Para criar o seu discurso:
1. Ter um objetivo claro, bem definido, para a mensagem;
2. Saber com quem está falando, o público alvo;
3. Definir a abordagem, a estratégia para passar a mensagem;
4. Procurar um gancho: algo que prenda a atenção, incomum, inusitado, interessante, dramático;
5. Peça o que você quer: no final da mensagem, faça uma exigência de ação direta ou indireta;
O trabalho deve ser como um quadro: pintar uma imagem na cabeça do ouvinte, com clareza e tocando o seu coração.
Treino:
uma mensagem de trinta segundos pode precisar de semanas de
treinamento. É preciso muita preparação para passar uma mensagem
cativante em pouco tempo.
O
“quem diz” é tão importante quanto o “o que se diz”. Postura, linguagem
corporal, primeiras impressões, estilo, são sempre levados em conta
pelo ouvinte.
Quero mais… deixe sempre um gostinho de “quero mais” na boca do consumidor.
Ação: seguir tais técnicas em seu próximo discurso de elevador.
Fonte: Como apresentar as suas ideias em 30 segundos ou menos – Milo O. Frank.
Vi recentemente uma polêmica acerca de uma certa Bettina.
Para quem não conhece, a propaganda diz que Bettina, uma jovem de 22 anos, partiu de mil e quinhentos reais e fez um milhão de reais no mercado financeiro.
É uma propaganda de um grupo que insinua que todos conseguem fazer isto, seguindo os mandamentos deles, é claro.
O problema é que a história da Betina é fake. É apenas inspiracional. Assim é fácil… poderiam ter dito logo que ela fez 150 milhões, que era o novo George Soros, o novo Warren Buffet.
Eu já acho forçado demais pegar o best in class, a pessoa que mais ganhou de todos, e apresentar este como o benchmark, um exemplo de que todos podem chegar no mesmo nível – é claramente impossível, porque se todos fossem vencedores, todos seriam medianos, e assim não haveria vencedor.
Porque o fake storytelling provoca tantas reações negativas? Não é só inspiracional mesmo?
Minha explicação remonta à 2,4 mil anos no tempo. A Retórica de Aristóteles dizia que há três modos de persuasão: o Ethos, o Pathos e o Logos.
O Logos se refere à parte lógica do argumento para convencer alguém.
O Pathos se refere à parte emocional. É aqui que entra fortemente o storytelling. Quando é feita uma personificação, quando não é um ensinamento abstrato qualquer, mas uma pessoa de verdade, uma jovem brasileira de 22 anos, muito mais próxima de nós, afeta fortemente a emoção, o pathos. É por isso que o storytelling é tão poderoso.
O melhor agora, o Ethos. O Ethos se refere ao lastro disto tudo, à autoridade que o narrador tem para contar a história. Um George Soros tem autoridade enorme para falar qualquer coisa, concordemos ou não. Pelo menos, ele juntou alguns bilhões de dólares…
No caso citado, do fake storytelling, o Ethos caiu por terra. Que moral a personagem tem para falar sobre o tema, se ela estava apenas interpretando um papel? E, caindo o Ethos, cai também o Pathos, porque na parte emocional ninguém é pato para engolir essa historinha fake.
Portanto, ao invés de utilizar os três modos de persuasão para fortalecer a mensagem, dois deles saíram pela culatra.
É o mesmo caso da Diletto e do Suco do Bem, cases famosos pelo storytelling forçado.
O Ethos é infinitamente mais difícil de conseguir, e portanto, muito mais difícil de falsificar.
Quase nenhum aplicativo do ocidente funciona na China. Tudo é bloqueado, incluindo o Google e seus serviços (como e-mail e maps), Facebook, Whatsapp, Uber, etc…
O governo chinês bloqueia esses serviços. Um primeiro motivo é facilitar que a China tenha os seus similares (Baidu para o Google, Tencent para o Facebook, AliBaba para a Amazon, WeChat para o Whatsapp, Didi para o Uber). Outro motivo é poder monitorar o conteúdo (exemplo, o WeChat é monitorado!), o que seria impossível se o app não fosse chinês.
De qualquer forma, é necessário utilizar um VPN (Virtual private network) para acessar os serviços.
E isto ajudou muito. Imagine andar sem o Google Maps no meio de Shanghai!
Eu utilizei dois VPNs, o Express VPN e o VPN Mestre.
Paguei a versão full do primeiro por um mês, e usei a trial do segundo.
É necessário baixar e acessar da primeira vez de fora da China, para funcionar. Se baixar de dentro da China, não vai dar certo.
O VPN faz o celular parecer estar acessando o site de outro país, liberando os acessos desejados.
É bem simples de usar. Vou focar no Express VPN, que foi o que mais usei, mas a ideia é similar.
Para usar, basta escolher um país na lista, e tentar acessar. Pode ser que não seja possível, por ter muita gente acessando o mesmo servidor, daí é necessário escolher outro local. A versão paga obviamente tem prioridade sobre a versão gratuita, em caso de fila.
Uma vez o VPN rodando, o ícone do aplicativo fica com o mundo coberto.
Para desfazer a conexão, é só desconectar – e o mundo fica descoberto no ícone.
Uma coisa interessante é que, acessando a internet do celular via roaming internacional, os serviços funcionam normalmente.
Só quando usando o wi-fi do hotel ou da empresa é necessário ativar o VPN.
Tudo muda muito rápido na China. Uma canetada do governo fortemente centralizado e tudo muda.
Mas sei que os apps funcionam, pelo menos até hoje, março de 2019.
Três indicações nerds ao quadrado: quadrinhos sobre grandes cientistas e pensadores!
1) Feynman: História em quadrinhos sobre o grande físico Richard Feyman. Ele é um gênio cult, escreveu diversos livros não só sobre física mas sobre histórias interessantes de sua vida – e tais quadrinhos são baseados nestas.
Ele tem uma série de aulas, “Feynman lectures on physics”, publicadas em formas de vídeo e livros. Lendo essas, a principal mensagem que aprendi foi que a física, um edifício enorme e sólido, pode ser contestada no seu nível mais básico! Ninguém sabe o que é energia, por exemplo.
2) Logicomix: História em quadrinhos baseada no filósofo inglês Bertrand Russell, talvez uma das pessoas mais inteligentes da história! A narrativa é sobre a sua busca das fundações primárias da matemática, quase a busca pela verdade absoluta.
Em seu caminho, Russell encontra outros grandes como o matemático George Cantor, o filósofo Ludwig Wittgenstein, e, é claro, o lógico Kurt Godel, que com seus Teoremas da Incompletude derruba todo o trabalho de Russell.
Um detalhe. Um dos autores, Christos Papadimitriou, tem vários livros técnicos, como um de Otimização Combinatória e outro de algoritmos.
3) Cartoon introduction to Philosophy: narrativa gráfica sobre diversos filósofos, desde os pré-socráticos até os tempos modernos. É muito interessante ver em desenho conceitos como “Entro no mesmo rio, porém é tudo diferente: eu mudei e o rio mudou”.
O terceiro livro só tem via digital. O segundo, Logicomix, é simples de encontrar numa livraria. O primeiro, Feynman, comprei na Liv. Cultura do Conjunto Nacional. Recomendo comprar os livros físicos, enquanto as grandes livrarias ainda existem.
Trilha sonora do post. Cássia Eller, Por enquanto, música da Legião Urbana.
Presenciei uma cena dos tempos modernos, hoje, numa banca de jornais na Av. Paulista:
Oi, você tem jornal?
É para cachorro? Tenho sim.
Hoje em dia, o papel do jornal tem mais demanda do que o jornal em si…
Eu mesmo, faz uns três anos que não compro um jornal. Eu estava lá na banca para recarregar o Bilhete Único de transportes.
Outrora, há não tanto tempo atrás, jornais eram uma fonte importante de informação. Quem controlava o jornal controlava a informação.
Vários impérios se formaram em torno de jornais.
Assis Chateubriand, com o extinto Diário de São Paulo e outros, dominava a cena nos anos 1940.
Adolpho Bloch, da revista Manchete.
Roberto Civita, que controlava o grupo Abril, hoje vendido por valor simbólico e dívidas bilionárias.
A família Frias, da Folha de S.Paulo, e a família Mesquita, de O Estado de S. Paulo, jornais também sofrendo fortes golpes da realidade .
No mundo, a mesma coisa. Um exemplo cultural: o filme Cidadão Kane, de 1941, gira em torno de Charles Kane, um poderoso magnata das comunicações.
Cena do filme “Cidadão Kane”
Hoje em dia, a informação não precisa mais do papel para ser transmitida. Ela é sem fio, na nuvem, escrita com zeros e uns. E o jornal? Talvez o cachorro use!
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