Que tal reproduzir em casa um dos experimentos de física mais famosos de todos os tempos?
Em 1801, o físico Thomas Young provou que a luz se comporta como uma onda, ao fazer o experimento da interferência da fenda dupla – em inglês, double slit interference. As consequências foram tremendas, mudou completamente a ideia dos cientistas sobre a luz.
Hoje em dia, qualquer um pode reproduzir tal experimento em casa, sem fazer muita força.
É necessário apenas um ponteiro laser e um pedaço de papel cartão.

Peguei um pedaço de papel grosso, e com um estilete simples, fiz uma fenda única, e a fenda dupla (colocando 1 mm de espaço entre fendas).
Apontando o laser direto para a parede acontece isto, como qualquer um que já brincou com ponteiras laser sabe:
Apontando o laser verde através da fenda única deu o seguinte resultado:
Passando o laser pela fenda dupla, algo semelhante.
Note em ambos os casos, o padrão de interferência: a luz é mais forte em alguns pontos e nula em outros – parece uma linha tracejada.
A explicação de Young foi que a luz se comporta como uma onda passando pelas fendas, e gerando o padrão de reforçar ou anular as amplitudes. Vide https://en.wikipedia.org/wiki/Double-slit_experiment para mais detalhes.
No caso da fenda única, o argumento é mais ou menos parecido. Mesmo com uma fenda apenas, cada ponto de luz ao longo da largura da fenda forma uma fonte. (https://www.khanacademy.org/science/physics/light-waves/interference-of-light-waves/v/single-slit-interference)
Colocando as duas fotos juntas:
No single slit é um pouco mais difícil perceber o padrão de interferência, com distância entre picos menores, e o brilho do centro é maior.
Um detalhe que eu não tinha percebido, quando li sobre como fazer a experiência. Fiz as fendas na horizontal, e o padrão resultante apareceu na vertical! Algo como no diagrama a seguir.
Pensando bem, faz sentido. Se fiz a fenda na horizontal, ao longo de toda esta horizontal, a luz pode passar, então é como se não tivesse fenda alguma. É ao longo da vertical que há uma barreira física de verdade. Experimento prático é para isso mesmo, para perceber detalhes que passariam despercebidos olhando só para teoria.
Young, há 200 anos atrás, utilizou velas e luz do sol para fazer os seus experimentos.
Este experimento é uma dos pilares da ótica, e uma variação extremamente interessante deste (colocando detectores para saber por qual fenda a onda vai) deu origem aos questionamentos da física quântica, que até hoje estão sendo discutidos. Vou tentar reproduzir a mesma, algum dia.
O impressionante é que, no mundo contemporâneo, é possível fazer um laboratório de física sem sair de casa. O laser, made in China, eu comprei num stand shop de eletrônicos da Av. Paulista por R$ 30,00. Um laser, um papel cartão e um estilete foram tudo o que precisei para reproduzir o experimento. Imagine o que Isaac Newton faria hoje!
Links
http://micro.magnet.fsu.edu/primer/java/interference/doubleslit/
Sobre o experimento: Daria muita diferença no padrão usar o laser vermelho ao invés do verde? A distância da parede à fenda pode ajudar no distanciamento das manchas, deixar o resultado mais nítido e melhor de comparar a fenda simples e a dupla. Só ideias hehehe
Outra coisa que vivo pensando é como esses caras no passado descobriam/criavam teorias e conclusões tão interessantes. Hoje, aprender o que eles deixaram já não é trivial, me pergunto como eles conseguiram evoluir tanto sem as facilidades que temos hoje (Internet, acesso a livros e grupos de pessoas com mesmos interesses, contato em tempo real, etc).
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Pedro, a diferença se usar um laser de outra cor é a distância das cristas. Mais ou menos assim. Com o laser verde tenho que ficar a 2m da parede. Com o laser vermelho, posso ficar a 1m para ter o mesmo efeito. Este link mostra a fórmula. https://physics.stackexchange.com/questions/54052/is-it-possible-to-reproduce-double-slit-experiment-by-myself-at-home
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Legal. Lembrava vagamente das variáveis das fórmulas da época de cursinho IME ITA, mas sempre bom ver “no mundo real”. Postagem quase nostálgica haha
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Sobre o outro comentário. Realmente é necessária muita imaginação, trabalho, estudo, para deduzir o que este pessoal deduzia, sem instrumentos. São pessoas geniais, sem dúvida!
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