Há um vídeo famoso e engraçado, com pepinos e uvas para macacos.
No experimento, realizado pelo pesquisador Frans de Waal, dois macacos-prego são recompensados por realizar a mesma tarefa: entregar uma pedra ao experimentador. Um dos macacos recebe uma fatia de pepino como recompensa, enquanto o outro recebe uma uva, que é muito mais saborosa para eles.

Quando o macaco que recebe o pepino percebe que seu colega está recebendo uvas, ele fica visivelmente irritado e recusa o pepino, jogando-o de volta e balançando a jaula.
Se os dois macacos recebessem apenas pepinos, estaria tudo ok, segundo o relado de Waal.
Com o ser humano ocorre o mesmo: se um semelhante receber recompensa muito melhor pela mesma tarefa, um sentimento de injustiça e indignação vai surgir pelo que não foi recompensado à altura.
Vale a pena ver o vídeo:
A reflexão a seguir acrescenta um novo elemento à ideia de injustiça, inspirada nas ideias de Yuval Noah Harari (autor de Sapiens e Homo Deus).
Curiosamente, o sentimento de injustiça parece se limitar aos semelhantes mais próximos. Em uma escala maior, como a de uma nação, convivemos com desigualdades extremas: um herdeiro de um grande conglomerado recebe infinitamente mais do que um trabalhador assalariado comum. Em termos comparativos símios, um ganha uma fatia de pepino, enquanto o outro recebe quilos de uvas.

Ainda assim, não vemos assalariados se revoltando contra herdeiros o tempo todo. Pelo contrário, ambos podem até dividir o mesmo espaço, como jogar no mesmo time de futebol no fim de semana.
Por quê? Uma explicação possível é o poder da narrativa sobre a posição social. No passado, a vontade dos deuses legitimava o poder de imperadores. Hoje, o sistema capitalista vende a ideia de que qualquer um pode alcançar o nível de riqueza de um Bill Gates — basta ter talento, persistência e inteligência. A meritocracia explicaria por que alguns prosperam e outros não. (obs. No sistema comunista, idem, há uma narrativa: os membros do partido vão dar um jeito de ter acesso a mais recursos e justificar isso).
Mas a realidade é diferente da narrativa. Riqueza leva gerações para ser construída, e o ambiente em que nascemos tem um impacto enorme. Bill Gates não seria Bill Gates se tivesse nascido em uma favela no subúrbio do Rio de Janeiro, por exemplo.
No fim das contas, o macaco que recebe pepino se revolta contra o vizinho que ganha uma uva, mas aceita o Macaco Rei, que recebe dezenas delas — porque ele soube construir uma boa narrativa para justificar sua posição.
E assim vamos vivendo, de pepino em pepino…


O Flávio Augusto dono da Wise Up, bilionário (em reais), fez exatamente o que o texto disse que não seria possível quando se trata da realidade, ele é exatamente o jovem pobre da favela no subúrbio do Rio de Janeiro que se tornou mais rico do que alguém que não conhece o “capitalismo” poderia imaginar, não pensou na injustiça da vida miserável que levava, por causa do estado e de ideias anti-capitalistas amplamentes aceitas pela sociedade, foi lá e venceu! Fez o q seria somente possível, na visão torta de muitos, o que somente a justiça social seria capaz de prover, fez o “impossível”. Que fique claro, o autor desse comentário não acredita em “sistema capitalista”, isso não existe, só existe o livre mercado, que nunca foi inventado, mas descoberto, mesmo em todos os sonhos e devaneios comunistas, sempre o “capitalismo”, alcunha espalhada como maligno sistema pelos invejosos, foi e sempre será o modelo de governança do mundo, sim, é verdade, sempre estão dando murros em ponta de faca nas tentativas coletivistas (Socialismo, Comunismo, Progressismo (vc não terá nada mas será feliz)) e sempre invariavelmente dão com os burros n’água, pois não existe nada além do “capitalismo”, tudo é “capitalismo”, até as falsas esperanças de um mundo “planificado” (ninguém melhor q ninguém, em nada e tudo para todos), também é “capitalismo”, o interesse de uns sobre os outros e dos outros sobre os primeiros, é a regra da vida (no texto é retratado como inveja, mas existem outras necessidades que também entram na equação, ah a incrível natureza humana), a diferença é que no “capitalismo” (mundo real e imutável) a conta sempre chega, cedo ou tarde, ela chega e com juros compostos, felizes são os que não negam a própria natureza das coisas e sabem navegar por ela.
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Caro, o Milton Friedman dizia algo como “o capitalismo é uma merda, mas funciona”. Abs
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