Imagine duas tribos, uma comunista (o Bananistão) e outra capitalista (o Trumpistão), cada qual com, digamos, 100 pessoas.
Imagine também que a renda de todos os membros de ambas as tribos seja a mesma: um punhado de frutas e dois peixes por dia.
Num belo dia, em ambas as tribos, surge um empreendedor com uma ideia brilhante: usar uma lança para caçar javalis.
Com o poder da lança, a distribuição de renda tinha mudado drasticamente. Uma única pessoa passou a ter muito mais renda do que as demais.
A tribo comunista era governada pela grande líder Barba. Vendo a situação, este criou um discurso de luta de classes. Era a “elite” contra o “povo”. Seria esta elite que estaria por trás dos infortúnios do povo. A elite não queria que o pobre comesse carne de javali, por isso o preço deste ser tão alto.
Com isto, eles exigiram que a lança do empreendedor pertencesse ao povo. Coletivização dos meios de produção, porque se o povo produz, a tudo ele pertence.
Ao coro de “Povo bom, rico mau! Povo bom, rico mau!”, o empreendedor entregou a primeira lança aos governantes. Algumas semanas depois, produziu e entregou a segunda lança, sem remuneração alguma, é claro. Depois da terceira lança confiscada, o empreendedor desistiu e voltou para a dieta à base de peixes.
O povo não fez muito bom uso das lanças. Um membro da tribo tentou caçar com a lança. Após uma batalha extenuante, finalmente conseguiu. Ao chegar à tribo, dividiu o javali com todos os outros integrantes, ficando apenas com uma fração da recompensa. Nos meses seguintes, este não mais se voluntariou a ir caçar, e nenhum outro o fez.
Já no Trumpistão, a desigualdade de renda também aumentou tremendamente. Porém o empreendedor teve a liberdade de fazer o que quisesse com os frutos de sua caçada. Trocou por muitos peixes e ainda sobrou. Contratou mão de obra para produzir lanças e ajudar na perigosa caçada ao javali.
Quanto mais pessoas aprendiam sobre a lança, mais o conhecimento se difundia, e mais as técnicas de produção e de caça eram aperfeiçoadas. Vendo o sucesso do empreendedor original, vários outros concorrentes surgiram, com tecnologias ainda melhores.
Como consequência, maior era a desigualdade social, porque uns poucos tinham mais do que o restante. Porém, a desigualdade sozinha nada significa, porque todos os integrantes da tribo se beneficiaram, mesmo que indiretamente, da fartura trazida pelas novas técnicas. O mais pobre não ficou mais pobre, pelo contrário, todos ganharam.
Outro fator, não menos importante. O empreendedor do Bananistão, ouvindo falar que teria aos seus meios de produção respeitados, migrou para para o Trumpistão, mais especificamente, um lugar chamado Vale da Areia, onde havia o tecnologia de ponta de lança. Sendo um engenheiro brilhante, contribuiu ainda mais para o desenvolvimento desta.
O Bananistão, agora com 99 membros, continua igual, com seu punhado de frutas e dois peixes por dia. Na verdade, está pior, já que as poucas lanças que existiam enferrujaram devido à falta de manutenção.
Já a tribo capitalista vem crescendo 7% ao ano. Novas técnicas foram sendo criadas: a rede de pesca, machadinha, novos modelos de fogueira e tantos outros. Frutas, legumes, peixe, javali, galinhas e iguarias de todo lugar estão à mesa dos habitantes de Trumpistão.
Por fim, o grande dirigente Barba afirmou que as condições de vida estagnadas do Bananistão são culpa do imperialismo.
“Povo bom, rico mau! Povo bom, rico mau!”
, gritavam as pessoas ao fundo.
sensacional, obrigado;
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Muito bom!!! Incrível como as pessoas não percebem isso!
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