A história de um boné

O boné da foto tem uma história bem maluca, que começou numa inspeção de raio-X e acabou com o encontro com um time de beiseball brasileiro.

 

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Fui ao Canadá em 2017, a trabalho, com o meu colega Diego Piva. O voo saía de São Paulo e ia até Toronto. De lá, era necessário pegar um voo local, até o destino, uma cidade minúscula chamada Fredericton.

 

 
A saída do Brasil foi tranquila. Porém, no voo de conexão, em Toronto, a inspeção de raio-X pegou tudo o que eu tinha trazido na bagagem de mão. Eu tinha comprado um kit de fatiar queijos, que eles identificaram como sendo um kit de facas. Pegaram o meu protetor solar, por ser líquido. Pegaram a minha garrafinha de água, que estava pela metade… o engraçado é que, no Brasil, tudo tinha passado tranquilamente.

 

 

Ficamos em Fredericton o resto da semana. Era verão, um sol escaldante sem nuvens no céu. A primeira coisa que comprei, na primeira farmácia que vi pela frente, foi um protetor solar e uma garrafa de água. Era um protetor solar em spray, caro (afinal, receber em reais e pagar em dólar não é muito divertido), mas muito bom.

 

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Em Fredericton, com barquinhos ao fundo

Na volta, tínhamos o voo de conexão no sábado, as 15h, e algumas horas de espera pelo voo Toronto-SP, as 23h. Ora, decidimos adiantar o primeiro voo (para as 5 da manhã!) e ficar o dia todo a explorar Toronto.

 
No raio-X da conexão, adivinha o que não passou? O protetor solar em spray e a garrafa de água!

 
Tive que deixar o caro investimento pelo caminho.

 

 

Ao chegar em Toronto, eu e o Diego andamos a cidade inteira a pé. Fomos ao centro da cidade, depois ver a área portuária. Porém, lá pelas 11 da manhã, o Sol já começava a ficar muito forte – e eu não iria comprar outro protetor solar para ser confiscado no raio-X.

 

Fomos visitar o estádio dos Blue Jayz, para ver se dava para ver algum jogo de beiseball. Nenhum de nós entendia nada do assunto, entretanto, parece que os canadenses gostam de beiseball, e que aquele era um jogo importante. Achar o caminho para o estádio foi muito fácil, já que milhares de pessoas estavam indo para lá também.

 

 

Chegando ao estádio, vimos o preço do ingresso. Era uns 80 dólares canadenses, algo assim. Mais de 300 reais. O nosso amor pelo Blue Jays não era tanto assim, que justificasse este gasto. Porém, na entrada do estádio, tinha umas barraquinhas com um pessoal vendendo itens do time. Foi aí que comprei o meu boné do Blue Jays, pagando 30 doletas canadenses.

 

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Depois do estádio, fomos ao restaurante panorâmico, que fica do lado, tomar umas cervejas canadenses e olhar a cidade toda dali do alto.

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Na volta para o Brasil, no aeroporto de Toronto, o Diego Piva me aconselhou a tomar toda a água da garrafinha, a fim de não ser parado no raio-X. Não segui o conselho. Depois de ter os meus presentes confiscados, de me obrigar a comprar um boné por conta dos protetores solares, resolvi cometer deliberadamente um ato de transgressão, desafiar as autoridades locais. Deixei a garrafinha de água com 1/5 do conteúdo, a fim de testar se o pessoal do raio-X era fera mesmo.

 

E, adivinha. Não deu outra. Me pararam no raio-X por conta da garrafinha de água.

 

 

Segundo o Diego, eu já podia pedir música no Fantástico, por ser parado três vezes seguidas no Canadá….

 


 

Fast forward vários meses, desde então, passei a utilizar o boné do Blue Jays em todas as ocasiões em que estava de lazer.

 

Nem sabia direito que time era este, nem torcia por ele, mas estava sempre com o boné.

 

Fui até para a China com este.

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———–

 

Porém, o auge da história ocorreu no Nippon Country Clube, em Arujá, São Paulo. Este clube oferece várias modalidades de esportes, futebol, tênis, etc…

 

 

Estava eu a andar num belo domingo de sol, com o boné citado e a minha família, no meio de uma gincana tradicional chamada “undokai”.

 

 

Um senhorzinho vem falar comigo. Perguntou se eu gostava dos Blue Jays canadenses. Eu não entendi nada. Até que percebi que estava conversando com uma pessoa do time de beiseball local. E, reparando bem, o uniforme do time local tinha um passarinho do Blue Jays igual ao estampado no meu boné! Mais ainda, eu estava cercado por pessoas com o uniforme azul do Blue Jays.

 

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Foto da internet, Nippon Blue Jays

Disseram que o time de Arujá foi fundado por um grande jogador de beiseball, que tinha passagem pelo Toronto Blue Jays. Ele negociara o uso do nome, e trouxera a marca e o know-how para o Brasil.

 
Até hoje, não sei como o senhorzinho sabia que o meu boné era do Toronto Blue Jays, e não da versão brasileira, já que o símbolo é exatamente igual.

 

 

Mas, enfim, que coincidência! Talvez a famosa Teoria dos Seis Graus de Separação se aplique não só a pessoas, mas também à ideias e conceitos tão aleatórios quando um passarinho estampado em um boné!

 

Em homenagem aos importantes rios canadenses, já que eu posso pedir música, que esta seja “O Barquinho”, por Maysa Matarazzo!

(Este vídeo é do filme, a atriz não é a cantora, porém mantiveram a canção original)


 

Inspirado no livro “China em 10 words”, em que o autor narra fatos de sua infância de forma divertida e fazendo relações com fatos históricos.

 


O Nippon Blue Jays não é fraco não. Vide só as reportagens:

http://travinha.com.br/2018/08/29/nippon-campeao-brasileiro-de-beisebol-2018/

https://www.facebook.com/pages/Nippon-Blue-Jays/1563947583855791

http://www.nipponclub.com.br/materias.php?cd_secao=36&codant

https://www.nipponcountryclub.com.br/single-post/2017/07/08/ATLETAS-DO-NIPPON-BLUE-JAYS-CONVOCADAS-PARA-SELE%C3%87%C3%83O-BRASILEIRA-SUB-15-E-SUB-17?fb_comment_id=1005870296127231_1006568479390746

 

 

 

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