As pessoas no primeiro mundo são muito frias: “o meu serviço é este, neste escopo, neste prazo, nesta qualidade, neste custo. Se quiser leva, se não quiser, não leva”.
A gente é bem mais quente: “prometo dar um jeitinho de fazer tudo o que você pede, no prazo que pede, e ainda dar um desconto” (mas não vou cumprir o prometido).
Num país de primeiro mundo, o fornecedor diz que vai levar um mês, sem “jeitinho” nenhum. E ele vai demorar o mês que disse que ia levar.
Aqui no Brasil, o fornecedor promete dar um jeito para fazer em uma semana. Ele atrasa uma, tem que ser cobrado, depois atrasa mais outra, é cobrado de novo, até que realmente entrega, um mês após o acordo, custando mais do que o combinado.
Temos a ilusão de que no Brasil as pessoas são mais atenciosas, mais “quentes”, enquanto num país desenvolvido as pessoas são distantes, “frias”. Mas gastamos o triplo da energia e erramos em três vezes o planejamento, por conta de sermos tão “atenciosos”.
Atrasar e fazer pela metade é comum no Brasil, não é pecado. Pecado mesmo é falar na cara do cliente que não dá para cumprir o prazo que ele quer, e fornecer o prazo real.
O que eu prefiro? Prefiro a postura do primeiro mundo, sem jeitinho, ao seu tempo e custo.
Mas a realidade não é tão simples. Não dá para nadar contra a correnteza. Temos que jogar o jogo de acordo com as regras. Portanto, no Brasil, é difícil não fazer o mesmo: prometer datas impossíveis, sabendo que vai atrasar, que vai ficar pela metade, e que no final das contas, a qualidade será pior, o custo será maior, e o prazo vai pior do que seria sem o “jeitinho brasileiro”.
É uma questão de perspectiva.