Alguns pequenos contos, para reflexão.
Carregar a mulher
Dois monges andavam pela floresta, quando avistaram uma mulher elegantemente vestida. Ela queria atravessar um riacho, porém, não queria sujar a roupa.

O monge mais velho colocou-a em suas costas e atravessou o rio, deixando-a do outro lado.
Passadas várias horas, o monge mais novo não aguentou o incômodo, e perguntou:
Mestre, temos um voto de castidade. É perigoso carregar nos braços uma mulher, ainda mais uma tão bonita. Isso pode incitar nossos desejos. Por que fez isso?
A que ele respondeu, calmamente: eu deixei a mulher do outro lado do rio. Você vem carregando-a em sua mente, desde então. O que é mais perigoso?
O que o peixe sabe
Um monge disse para o outro: aquele peixe está feliz.
Segundo monge: E como você sabe que ele está feliz?
Primeiro monge: E como você sabe que eu não sei que ele está feliz?
Segundo monge: E como você sabe que eu não sei que você não sabe que ele está feliz?
O monge na árvore
Um monge tinha o costume de meditar sobre uma árvore.
A fim de zombar do monge, um viajante dirigiu-lhe a palavra:
Viajante: É perigoso para um senhor de idade ficar em cima de uma árvore, não?
Monge: Quem corre perigo de verdade é você, que não está buscando o caminho da iluminação.
Percebendo que o monge não era qualquer um, o viajante resolveu perguntar num tom mais sério.
Viajante: Qual a essência do Budismo, em poucas palavras?
Monge: Faça o bem e deixe de fazer o mal.
Viajante: Ora, só isso? Uma criança de três anos consegue entender…
Monge: Sim, uma criança de três anos entende. Porém, um ancião de 80 anos não consegue fazer.
Após o diálogo, o viajante tornou-se um discípulo do monge.

Você só sabe reclamar
Um das correntes do Zen tem práticas severas a respeito do silêncio. O praticante pode falar apenas duas palavras em 10 anos.
Um praticante ficou em silêncio, por 10 anos. Quando chegou sua vez, ele disse:
- Cama dura.
Por mais 10 anos, ele praticou o silêncio. Quando pôde falar, as palavras foram:
- Comida ruim.
Mais 10 anos se passaram, 30 anos no total, e dessa vez suas palavras foram:
- Eu desisto.
O Mestre retrucou com o sinal de Ok, e exclamou:
- Só reclama!
Um monge sonhou que era uma borboleta
Quando ele acordou, pensou: será que eu sou um monge que sonhou que era uma borboleta, ou eu sou uma borboleta sonhando que sou um monge?
Ou eu sou uma borboleta sonhando que é um monge que está sonhando que é uma borboleta?

Trilha sonora: Susan Boyle- I dreamed a dream
(Update: imagens geradas pela IA Midjourney)
Veja também:
Suas histórias me fizeram lembrar de uma que considero bastante educativa, e que tentarei recontá-la de memória, O Dilema do Açoite. O mestre Zen sentou-se, colocou diante de si uma vara de bambu e falou para seus discípulos que faria um teste com eles fazendo uma pergunta . Quem respondesse sim à pergunta seria açoitado com a vara 10 vezes. Quem rspondesse não seria açoitado 20 vezes. Chamou então seu primeiro discípulo e fez a pergunta: “você quer ser açoitado?”. Seu discípulo calma e silenciosamentepegou a vara de bambu e quebrou-a em pequenos pedaços.
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Boa, tem histórias com pensamentos laterais, boas sacadas. Tem uma que esqueci de contar. Um discípulo perguntou ao mestre quanto tempo demoraria para alcançar a iluminação. Uns 10 anos, ele respondeu. A seguir, o discípulo perguntou: e se eu estudar todos os sutras, decorar todas as falas de todos os antigos sacerdotes? O mestre respondeu: aí você vai demorar 20 anos!
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Sempre que enfrento uma “sinuca de bico” ou “um beco sem saída”, procuro penasr em “como quebrar a vara de bambu”.
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