Uma mulher pobre, mal vestida e faminta chega numa vila.

Ela bate a porta da primeira casa, a fim de pedir comida e abrigo. A moradora olha pela janela, mas não abre a porta.
A mulher vai à segunda casa da vila. Novamente, os moradores não a recebem dentro de casa.
Ela passa por todas as casas da vila, sem ser recebida por ninguém.
Ela fica num campinho, sem saber o que fazer.
Surge um moço, bem vestido, bonito e alegre.
Ele bate na primeira casa, que prontamente o recebe, com festa e alegria.
A seguir, ele vai visitar a segunda casa, e novamente, muita festa e alegria.
É assim em todas as casa da vila.
Depois que ele sai da última casa, passa pelo campinho.
Ela comenta: “Eu também passei por todas as casas, mas ninguém me atendeu.”
Ele respondeu: “Então venha comigo, vamos juntos a partir de agora.”
A mulher maltrapilha é a Verdade, e o homem bem vestido é o Conto.
Poucos abrem o coração para a Verdade nua e crua.
Todos abrem as portas para os contos e histórias. Mas histórias desprovidas de verdade são vazias, fúteis.
Elas devem vir juntas para atingir os corações das pessoas.
Fonte: Rachel Bacha, que interpreta a contadora de histórias Sherazade.