Análise – Concurso de cachorro quente

Comer um cachorro quente é algo bom, não? Mas não é tão bom assim se for para participar de um concurso e ter que comer mais de 50 cachorros quentes.

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A história do cara que revolucionou as competições de quem come mais cachorro quente já foi contada neste blog, aqui.
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Gostaria de acrescentar uma análise, de como melhorar um processo produtivo, digamos o de comer um cachorro quente.


 

Como se come um cachorro quente
Uma pessoa normal seguiria os seguintes passos:

– Pegar o cachorro quente
– Morder um pedaço
– Mastigar
– Engolir
– Tomar água quando ficar seco demais

Ok, não? Para saborear o cachorro quente como uma refeição, tudo bem. Mas e se o objetivo for participar de um concurso de quem come mais cachorro quente?
A grande maioria das pessoas faria exatamente o processo acima, só que mais rápido.
Takeru Kobayashi se perguntou. O que pode ser pré-processado? Pós-processado? Separado ou agrupado? Quais etapas são desnecessárias?
Quais os gargalos do processo? Depois ele passou um bom tempo testando alternativas, medindo e tabulando resultados.

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Pré-processamento
Num determinado processo, o que pode ser antecipado de forma eficaz? O que pode ser feito por outras pessoas, em paralelo, para mitigar os gargalos do processo?
No cachorro quente, o único órgão do corpo que trabalha é a boca. Por que não utilizar as mãos também?

 

– Pegar o cachorro quente
– Utilizar as mãos para pegar, despedaçar e manipular.


Separar e Agrupar
Há partes do processo que podem ser separadas e processadas? Ou que é melhor serem agrupadas?
Kobayashi notou que a consistência do pão (fofa, muito volume) contrastava demais com a da salsicha (densa, pesada). Faria mais sentido separar salsicha e pão. Juntar muitas salsichas e devorar, juntar só os pães e devorar.

 

– Utilizar as mãos para separar o pão e a salsicha

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Gargalos do processo
Quais são os pontos críticos do processo? Há alguma forma de economizar o uso destes?
Kobayashi notou que muitos competidores tomavam bastante água, para ficar mais fácil comer. Mas a água é pesada, e ocupa um volume importante do estômago.
Faria mais sentido tomar o mínimo possível de água. E também, não perder tempo levando a água à boca, mas usar as mãos para molhar o pão e tirar o excesso de água – trabalhar com as mãos em paralelo com a boca.

– Molhar o pão despedaçado na água
– Espremer bem o pão (com as mãos) para tirar o excesso de água
– Enfiar o pão na boca

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Etapas que não agregam valor
Há etapas do processo que agregam pouco valor e podem ser eliminadas?
Kobayashi engole os pedaços que coloca na boca, sem mastigar. Afinal, ele já tinha feito um pré-processamento com as mãos (argh, já desisti de participar do concurso).

– (eliminar a parte de mastigar)
– engolir o alimento


 

Medir a eficácia
Durante cada um dos testes, Kobayashi mediu e tabulou os tempos e as variáveis testadas. Só assim pôde comparar se o método era melhor ou não que os anteriores.


 

Não ter medo do ridículo

Há mais coisas que Kobayashi faz, como uma dancinha ridícula. Mas  é importante não ter medo do ridículo ao tentar implementar um novo processo, uma mudança. Qualquer mudança ao status quo será esquisita, mas são essas mudanças que realmente vão fazer a diferença.
Depois de um tempo, todos os competidores aprenderam a imitar Kobayashi e criar novos métodos. Portanto, o ridículo de hoje pode ser o normal de amanhã.

 


 

Trabalho dói

Comer cachorro quente é legal, mas comer o pão imerso em água e triturado com as mãos, não. Comer a nível competitivo é trabalho full time. No trabalho, não tem essa de fazer o que gosta, fazer o só o que é legal. Muitas vezes tem que engolir uns sapos (ou uns cachorros quentes). Trabalho é dedicação full time, colocando um monte de energia, cérebro e persistência. Não tem jeito.


 

Kobayashi ganhou fama e participou de outros concursos, como comer taco, pizza, etc.

 

Este exemplo de melhoria de processo é bem ilustrativo, porque todo mundo conhece o processo de comer um cachorro quente. Mas, depois desta análise, acho que vou ficar um bom tempo longe de um hot-dog.
Um vídeo para acompanhar o método Kobayashi.

Arnaldo Gunzi
Jan 2016

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