Outro dia, vi um anúncio de um relógio com precisão de nanossegundos, cheio de estilo e elegância. Obviamente, também custava os olhos da cara.
Aí, lembrei de um dos princípios de produção da Toyota, o “Mura”.
“Mura” é o desequilíbrio entre um processo e outro. Não adianta ter um processo altamente controlado, com tecnologia de ponta e resultados fantásticos, se algum outro processo da cadeia é ruim, tosco, mal feito. É aquela velha ideia, de que a força de uma corrente é restringida pela força do elo mais fraco.
Por mais que o princípio pareça simples e óbvio, é o que mais acontece nas empresas: computadores e softwares sofisticados para pessoas que não usam nem 10% disto, vendas excelentes mas pós-vendas péssimo, etc. Além disto, é extremamente difícil eliminar algumas assimetrias: equipamentos novinhos e excelentes devem convivem com outros velhos e obsoletos, justamente porque a troca envolve investimento, Capex.
E o que isto tem a ver com o relógio? De que adianta um relógio preciso nos nanossegundos, se:
– O resto do mundo não tem um relógio tão preciso assim
– Todas as reuniões que você for marcar vão ser em hora cheia, ou de meia em meia hora
– Todos os programas de TV, teatro, rádio, tudo é marcado em hora cheia ou fracionária
Ou seja, o relógio é mais para se gabar do estilo e precisão do que para usar mesmo. Algo como “O meu relógio tem precisão de nanossegundo, o seu não teeem”.
Arnaldo Gunzi
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