Oppenheimer: Eu me tornei a Morte, o destruidor de mundos

Fui ver o épico filme Oppenheimer, de Christopher Nolan no cinema, e, ao mesmo tempo, estou há duas semanas lendo o livro de Kai Bird e Martin Sherwin na qual o filme é baseado: American Prometheus, the triumph and tragedy of J. Robert Oppenheimer.

O filme do Nolan é denso, pesado, cheio de mênçãos a pessoas importantes e com muita história. É um filme cerebral, muito bom para pessoas que saibam assistir o mesmo. Tem muita coisa do livro ali no filme, e daí a densidade: para ler o livro, dediquei umas 30 horas úteis, imagine condensar tudo isso, mesmo que seja num filme de 3h.

Seguem aqui notas, mescladas entre ambas experiências. Contém spoilers. O texto a seguir é longo e denso, mas menos do que o livro e o filme, garanto.

Para quem não conhece ou nunca ouviu falar, Robert Oppenheimer foi o diretor científico do Projeto Manhattan, que criou as bombas atômicas de urânio e plutônio que explodiram em Hiroshima e Nagasaki, em 1945, e que, desde então mudaram para sempre a história da humanidade. O Projeto Manhattan foi o maior projeto científico do século passado, um esforço enorme que consumiu 2 bilhões de dólares e empregou direta ou indiretamente 130 mil pessoas.

Primeiro, é muito feliz a comparação de Oppenheimer com o titã Prometeu. Pela lenda grega, Prometeu roubou o fogo dos deuses para dar ao indefeso homem, que a partir daí, conseguiu sobreviver e progredir junto a outros animais. Porém, Zeus, furioso com o ato, mandou acorrentar Prometeu a uma rocha, e, como punição, uma águia comer o seu fígado, que se regenerava à noite, para o feito ser repetido no dia seguinte. Da mesma forma, Oppenheimer (ou Oppie, para facilitar) ajudou a trazer ao mundo a bomba atômica, o poder dos deuses, e foi punido pelas autoridades posteriormente.

Sobre o filme

O filme do Nolan está recheado de “fan services” para quem adora história e física.

  • Albert Einstein e Kurt Godel andando pelo Instituto de Estudos Avançados em Princeton (já escrevi sobre isso aqui).
  • Richard Feynman, na explosão do Trinity (o teste da bomba), dentro do carro. E, depois do teste, batucando. Aliás, o ator é o Jack Quaid, do The Boys.
  • Um elenco de peso: Niels Bohr sendo interpretado pelo excelente Kenneth Branagh (já escrevi sobre o mesmo também, no discurso “Eve of Saint Crispin’s Day”, Henrique V).
  • Rami Malek (o Freddie Mercure do filme Bohemian Rapsody) como David Hill, um cientista.
  • Leo Szilar, Edward Teller, Werner Heisenberg, Ernest Lawrence, grandes físicos, prêmios Nobel, que fundaram a teoria atômica, retratados no filme.
  • Além, é claro, dos astros principais Cillian Murphy (do Peaky Blinders) como Oppenheimer, Robert Downey Jr (do Homem de Ferro) como Lewis Strauss e Matt Damon como Leslie Groves.

Indo para o início do livro:

Robert Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904, em Nova Iorque. Família de imigrantes alemães. Família culturalmente judia, sem sinagoga.

Oppenheimer foi considerado o mais respeitado e admirado cientista e conselheiro de políticas públicas de sua geração, sendo até capa das revista Time e Life (o filme mostra algumas dessas capas).

Estudou na escola fundada por Felix Adler, para judeus (que sofriam discriminação à época). Escola com objetivo de formar um mundo melhor.

Quando jovem, protegido e mimado pela família. Quando foi a um acampamento de verão, foi cruelmente bulinado por outros garotos, por ser tímido, sensível e diferente. Num episódio, teve as nádegas e genitais pintados de tinta verde. Não reclamou, suportando de forma estóica (este trecho não apareceu no filme).

O “J” do J. Robert Oppenheimer, é de Julius.

Aproveitando, uma diferença entre o filme e o livro. Enquanto o livro é linear (vai seguindo cronologicamente a vida de Oppie), o filme é típico Nolan: cheio de flashbacks e flashforwards, fica indo e voltando infinitamente, é até confuso.

Jovem, entediado nas aulas, uma das professoras permitiu que ele estudasse sozinho e ensinasse o que aprendesse. Ele leu Platão em grego, Virgílio em Latin e era excelente em todas as matérias e línguas. No filme, ele dá uma aula em holandês após apenas 6 semanas aprendendo, e tem uma cena em que ele estava lendo o famoso trecho “I am become death, the destroyer of worlds”, do Bhagavad Gita em sâncrito, sobre o corpo nu da Jean Tatlock, o que causou até protestos na Índia.

https://news.sky.com/story/oppenheimer-sex-scene-featuring-sacred-hindu-text-bhagavad-gita-sparks-outrage-in-india-12926956

Teve um irmão 8 anos mais jovem, Frank Oppenheimer, que aparece no filme.

Em setembro de 1922, foi para Harvard. Embora a escola tenha oferecido bolsa, recusou, por ter meios de pagar.

Introvertido e intelectual, poucos amigos. Gostava de ler, e seu personagem favorito de Shakespeare era Hamlet.

Ele poderia se trancar por semanas para estudar algo, por exemplo a constante de Planck, dizia um colega.

Ele comecou querendo se graduar em química, mas descobriu a física no decorrer do curso. Assuntos correlatos, porém, ele não tinha tido conceitos de física no início da faculdade.

Muito ruim em trabalhos manuais de laboratório.

Tinha alguns episódios depressivos. E andar era a sua terapia.

Também não era bom com mulheres, não teve grandes affairs quando jovem (iria a ter várias amantes depois).

Em 1925, se graduou summa cum lauda em química, em apenas 3 anos.

Dificuldades a sair do ambiente protegido da academia. Crises existenciais. E fez a migração definitiva para física, indo para a Europa.

O professor Ernest Rutherford o rejeitou, mas J J Thompson o aceitou como aluno de pós graduação e ele acabou indo para Cambridge. Porém, o trabalho de Thompson era basicamente laboratório, que ele não tinha afinidade – isso é mostrado rapidamente nos flashbacks do filme.

O episódio da maçã envenada realmente ocorreu e foi narrada com mais detalhes no livro. O filme dá uma dramatizada, com o grande Niels Bohr, admirado por Oppie, quase comendo a maçã envenenada.

Depois da Inglaterra, foi para Gottinger, onde encontrou outros grandes físicos da época e passou a trabalhar com física teórica, com outro físico de prestígio, Max Born. Conheceu e fez trabalhos com Niels Bohr, um dos precursores da física quântica. Teve contato com Werner Heisenberg, que, anos depois, seria o físico por trás da bomba atômica nazista. O encontro com o brilhante Heisenberg também é retratado no filme.

Teve bons resultados na Alemanha, em contraste à fase anterior, em Cambridge.

Voltou para os EUA, na Universidade da Califórnia em Berkeley, como professor, começou num nível alto demais para os alunos. Com o tempo, foi se tornando um grande professor – e isso também é mostrado em algumas cenas do filme.

Tinha interesse em todos os campos da física. Tornou Berkeley referência nos EUA.

Oppie gostava de pular de problema em problema. Fazer cálculos simples e entender o panorama geral, mas sem paciência para mergulhar fundo e criar teoria robusta. Talvez por isso, nunca tenha ganho um Nobel, mesmo sendo um dos maiores conhecedores de física de sua geração. Tudo era muito fácil, então o que era realmente difícil o atraia.

Intelectualmente afiado, tinha um tom de voz e charme, de forma que nessa época muitas garotas se apaixonaram por ele.

Foi nessa fase que encontrou a Jean Tatlock, interpretada por Florence Pugh, que tem várias cenas de nudez no filme.

Também conheceu Haakon Chevalier, comunista, e esta relação causou problemas futuramente.

Este período pré-guerra era onde ele simpatizava com causas comunistas. E também ajudava a resgatar judeus da Alemanha.

Tinha elo forte com irmão Frank, que tentou seguir os passos do irmão mais velho, e estudou física também. Ao contrário do irmão, ele gostava da parte de laboratório.
Frank se filiou ao partido comunista, seduzido pelas promessas de igualdade.
Ele promovia encontros de comunistas e era bastante ativo no movimento, apesar dos protestos de Robert.

Oppie teve um período esquerdista, porém, sua grande característica era independência de pensamento, e não houve comprometimento real. No filme, ele até diz algo como “para quê vou me prender a um único dogma?”.

Casou com a Katherine Puening – Kitty Oppenheimer (Emily Blunt), que era casada à época. O filme é bem fiel ao livro.

A corrida nuclear começou quando Otto Hahn, um cientista alemão, mostrou que fissão era possível, em 1939. A princípio, Oppie não acreditou, mas os colegas o convenceram de que seria possível.

Em 1939 o governo EUA autorizou o estudo com urânio. Porém, em 1941 a sensação era de que cientistas alemães estavam muito à frente.

O ciclotron de Lawrence ajudou a mostrar como obter uranio enriquecido (o cicloton também é representado no filme, é a engenhoca esquisita mostrada nas cenas com Lawrence).

Oppie, após uma década e meia, saiu de um nerd esquisito para um líder carismático e sofisticado.

Leo Szilar, em 1939, convenceu Einstein a assinar carta ao presidente, mostrando que era possível criar uma bomba atômica mais poderosa do que qualquer outra arma jamais criada, e que os alemães estavam trabalhando nisso.

Roosevelt fez um comitê de cientistas. Dois anos, nada de muito importante aconteceu. Porém, em 1941, um relatório britânico indicou que bomba era possível e que poderia sair em 2 anos.

O relatório ajudou a dar um empurrão ao tema. Oppie alguns meses depois se juntou ao time de estudo da bomba atômica.

O grupo de luminários

Entra em cena Leslie Grover, 46 anos, promovido a general, engenheiro pelo MIT. Famoso por fazer acontecer, ser extremamente efetivo. Ele, que queria ir para a guerra na Europa, ficou encarregado de executar o Projeto Manhattan.

Oppenheimer era candidato a ser o diretor técnico, porém três aspectos desfavoreciam, segundo Groves.

  • Não ter Nobel
  • Não ter experiência administrativa
  • O passado esquerdista

Acabou sendo Oppenheimer mesmo. Oppie tinha capacidade de entender imediatamente os problemas. E de inspirar e liderar o grupo de cientistas.

Cálculo de Teller, da bomba de fusão (ao invés de fissão), é retratado no filme também. Porém seria um enorme empreendimento de tecnologia.

Tanto o livro quanto o filme focam mais na questão de espionagem do que no empreendimento enorme que foi o Projeto Manhattan.

O caso Chevalier. Chevalier instigou Oppie a falar a um contato o que ele sabia sobre a bomba. Ele disse que seria traição, se recusou. Não relatou o caso, por Chevalier ser seu amigo – anos depois, foi interrogado e se complicou por isso.

Nessa época, ele estava concentrado em colocar de pé o Projeto Manhattan. Ele ajudou a escolher Los Alamos como o local para a construção, local que conhecia de suas cavalgadas no Novo México, perto de seu rancho.

Por segurança, Groves queria um local distante e isolado, até por conta de testes. Porém, por outro lado, não tinha logística alguma, nem bibliotecas, nem faculdades por perto, tudo deveria ser construído, para os físicos virem com as famílias (ou não viriam).

Apesar da inocência inicial, Oppie aprendeu muito rápido, e passou a ser um excelente administrador e líder dos cientistas.

Sobre justificativas. Em geral, havia a questão moral de estar fazendo uma bomba poderosa para ser utilizada em inocentes. A justificativa era a corrida para fazer a bomba antes dos nazistas, que iriam utilizar de forma pior ainda.

Importou o grupo inteiro de Princeton, umas 20 pessoas, e com eles, jovem e brilhante Richard Feynman. A esposa dele tinha tuberculose e estava em tratamento, aí Oppie arrumou um hospital na região e liberou Feynman aos finais de semana.

Feynman conta essa e diversas outras histórias sobre o Projeto Manhattan, em seus livros. Também escrevi um pouco sobre o mesmo, aqui https://ideiasesquecidas.com/2022/07/31/melhores-textos-de-richard-feynman/.

Os salários eram proporcionais ao que era antes do projeto, então alguém que vinha da indústria poderia ganhar mais que um professor. Ou o encanador ganhar mais que um doutor. Questionado, Oppie disse que era devido ao encanador não saber a importância do trabalho, ao passo que os cientistas sabiam.

Altas horas de trabalho, dedicação. Muitos deadlines a cumprir.

Na Alemanha, Heisenberg foi apontado diretor do instituto Kaiser Wilhelm. Numa ocasião, Heisenberg ia para uma conferência na Suiça. E chegaram a pensar em raptar o mesmo.

Além da bomba atômica, outras ideias também foram cogitadas. Fissão nuclear para contaminar comida – tipo uma usina nuclear de Chernobil. Não foi para frente por não ser algo efetivo, mataria indiscriminadamente civis e menos de 500 mil pessoas.

Segurança era preocupação enorme no projeto. Militares paranóicos com quantidade de informações sendo trocadas. “Compartimentação de informações” era a palavra de ordem. Entretanto, entre cientistas top havia sim muita troca de informações porque não tem como fazer ciência em silos. Nesse ponto, o general Groves, muito efetivo, cedeu ou fez vistas grossas. Um militar mais caxias teria imposto isso.

Klaus Fuchs, que depois seria apontado como espião soviético, também aparece como coadjuvante em diversas cenas do filme.

Um detalhe que está descrito no livro, mas poucos vão entender no filme. Eles evitavam mênção à palavra “bomba”, preferindo o termo “dispositivo” (gadget).

Oppie continuou se encontrando com Jean Tatlock, que tinha laços com comunistas, e isso levantou suspeitas do governo. Jean acabou falecendo meses depois, overdose de remédios e afogamento, talvez suícidio, talvez acidente (vide a carta não assinada), conforme demonstrado no filme.

Neste momento da segunda guerra, a URSS era aliada, daí Oppie comenta que algumas pessoas chegaram a questionar se EUA ajudaria URSS.

Oppie foi questionado pelo FBI e pelo pessoal da segurança sobre possíveis espiões e pessoas simpáticas ao comunismo, porém, não acusou ninguém.

Groves ordenou Oppie a dizer quem era o contato, daí o nome de Chevalier surgiu. Porém, Oppie também fantasiou a história, essencialmente mentindo, o que causaria problemas futuramente.

Niels Bohr no projeto Manhattan não teve muita participação, porém, deu um apoio moral ao suportar Oppie. Bohr também se preocupava com o pós bomba. Ele antecipou preocupações que só surgiriam no pós guerra. Citou necessidade de transparência, da necessidade de nações teriam conhecimento do arsenal nuclear de outras.

Para isso, era importante avisar Stalin sobre projeto Manhattan, evitar corrida atômica, opinião de Bohr.

Além desse episódio, o resgate de Bohr na Europa trouxe informações sobre o avanço alemão em relação à bomba. Pela descrição de Bohr, ficou claro para os cientistas do Projeto Manhattan que os alemães estavam indo mais para o caminho de um reator nuclear do que uma bomba – ou seja, estavam anos atrás do esforço americano.

Em 1945, com a morte de Hitler e a derrota da Alemanha, a principal justificativa da construção da bomba caiu. Isso aumentou o dilema ético.

Outro problema ético veio com o bombardeio incendiário em Tóquio, em 1945. Antes desse, os bombardeios eram alvos militares. Este bombardeio específico visava alvos civis e estima ter deixado 100 mil mortos – um ataque condenável a um oponente em vias de ser derrotado. O jornalista Malcom Gladwell explora bem essa história, no livro “The Bomber Mafia”.

Nessa época Leo Szilar escreveu outra petição, com um grupo de cientistas, a fim de não recomendar uso de armas nucleares no Japão. Tentou convencer Oppie a assinar, mas ele recusou.

A decisão de usar ou não a bomba era do presidente, não dos cientistas que a construíram.

Oppie tinha simpatia com visão de Bohr, de que Rússia deveria ser avisada, mas no final não adotou nenhuma postura mais forte a favor ou contra.

Houve também um relatório, a favor de uma demonstração em uma ilha deserta antes de uso efetivo na guerra. Este relatório foi retido pelo exército antes de chegar ao presidente.

O ápice do filme ocorre com a explosão da bomba atômica. Não as de Hiroshima e Nagasaki, mas a do Projeto Trinity, o teste real da bomba no deserto, a primeira explosão atômica do mundo. Isso porque, sendo o livro e filme baseados na experiência de Oppie, essa foi a explosão que ele presenciou. Os bombardeios no Japão já estavam fora do controle dele, nas mãos dos militares americanos.

Em 1945, pós derrota alemã, o Japão estava perto de se render. Porém, políticos e militares queriam manutenção do Imperador e da constituição existente, para evitar colapso total.

EUA gostariam que Japão se rendesse antes da entrada da URSS, esse foi um dos fatores que influenciaram na decisão de lançar a bomba em 06/Ago/1945.

Os EUA propuseram rendição mantendo o imperador. Após Nagasaki e entrada dos russos na guerra, o Japão se rendeu.

Oppenheimer, sobre a Física e a Guerra: “Durante a guerra, a Física parou. Pegamos a árvore, chacoalhamos forte, e dois frutos grandes saíram. O radar e a bomba atômica.”

Ficou evidente que a ciência é importante para guerra e as nações.

Oppie foi para a Caltech após a guerra. Ficou pouco tempo, e retornou a Berkeley.

O discurso de Harry Truman, pós bomba, focava no estabelecimento de comitê para energia nuclear, e importância do controle de bombas desse tipo.

Há uma passagem famosa, do encontro entre o presidente Truman e Oppenheimer, em que o cientista se lamenta por ter “sangue nas mãos”, e Truman retruca que as pessoas não ligam para quem construiu a bomba, e sim, para quem lançou: no caso, foi dele a decisão de usar a mesma.

O presidente teria dito: “Tire esse bebê chorão daqui. Nunca mais quero vê-lo na minha vida”.

Oppie e outros trabalharam para sugerir um comitê nuclear, que tinha a visão de explorar energia nuclear e controlar o uso de armas.

Um governo mundial seria e é inviável até hoje, então a proposta incluía uma renúncia parcial dos países, em relação ao domínio da tecnologia atômica e usos, a fim de que não houvesse guerra nuclear.

A proposta americana parecia mais para preservar as próprias bombas e evitar que outras nações a tivessem, e Oppie sabia e se opunha a isso.

A proposta americana foi rejeitada pelos russos nas nações unidas. Algumas décadas e alguns milhares de bombas prontas depois, o mundo chegou num tratado de controle de armas nucleares.

Oppie foi criticado pela ingenuidade política. Stalin nunca aceitaria proposta de inspeção e controle.

A parte pós-guerra mostra Oppie se opondo ao programa da Bomba H, a Super. A bomba de hidrogênio é a de fusão nuclear (oposta à de fissão anterior) e é milhares de vezes mais poderosa.

Essa posição, o clima da era McCarthy e oponentes políticos como Lewis Strauss fizeram com que o passado esquerdista de Oppie, esposa, irmão, e o incidente Chevalier voltassem à tona, e que sua credencial de segurança fosse revogada em 1954.

Além da diferença política, houve um episódio em 1949 em que Oppie humilhou publicamente Strauss, e daí o revide posterior.

A carreira e reputação de Oppenheimer foram severamente afetadas pelo episódio. Apesar da perda da credencial ter sido revertida em 1963, e de certa forma, sua reputação, Oppie fora profundamente afetado pelo episódio – daí a analogia com Prometeu.

O filme de Nolan termina mostrando, de forma cataclísmica, o futuro em que armas nucleares podem desencadear a destruição de todo o planeta. Não a reação em cadeia descontrolada de Edward Teller, não a bomba atômica do Projeto Manhattan, nem a Bomba H, mas sim, o conjunto somado de corrida nuclear, bombas atômicas e políticas mundiais.

De qualquer forma, é um filmaço épico, cheio de referências históricas. É denso, pesado, com personagens demais para entender de uma só vez. É um filme altamente intelectual, porém ainda assim, intrigante, envolvente, e um ótimo retrato de uma época e de seus personagens.

Agradecimentos ao amigo Cláudio Ortolan, por emprestar o livro.

Link da Amazon: https://amzn.to/3Oc6Osm

Outros links:

https://en.wikipedia.org/wiki/Timeline_of_the_Manhattan_Project

2 comentários sobre “Oppenheimer: Eu me tornei a Morte, o destruidor de mundos

  1. Comentário adicional. Um grande cientista que participou do Projeto Manhattan mas não apareceu no filme foi John Von Neumann. No livro, há algumas poucas citações a ele.

    Por outro lado, as conversas com Einstein, principalmente a do final, foram totalmente ficcionais – uma das poucas do filme todo. Isso porque, além de ser genial, Einstein ainda hoje é um ícone pop.

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