Resumo: Um pouco da Arte da Guerra dos livros antigos, e o que encontrei na China atual.
Parte 1 – A Arte da Guerra
A minha fascinação pela China é de longa data.
Tudo começou com a Arte da Guerra, de Sun Tzu – um tratado pequeno, simples, mas poderoso:
“Toda a guerra é baseado no logro (em enganar o inimigo)”,
“Na defesa, seja impassível como uma montanha. No ataque, atue como uma águia ataca uma presa”,
“A energia é como o retesar de uma besta. A decisão é como apertar o gatilho”.
Lembro que este foi uma recomendação de um executivo que estava palestrando para alunos do segundo grau, eu incluso – e por isso, hoje estou sempre aberto a conversar e recomendar livros para os outros.
Napoleão Bonaparte, sem dúvida um dos maiores generais de todos os tempos, carregava a Arte da Guerra para onde quer que fosse.
A “Arte da Guerra” me fascinou tanto que tenho umas dez versões do mesmo em minha biblioteca: diferentes traduções, diferentes interpretações, versão em quadrinhos, etc… A foto a seguir é da minha biblioteca.
Depois de ler as notas desses livros, descobri outro tratado igualmente poderoso, capaz de alterar os rumos de uma batalha, decidir o destino de uma nação inteira: “Os trinta e seis estratagemas secretos“. É outro livro muito simples, direto:
“Observe o fogo do outro lado do rio”,
“Roube um bode pelo caminho”,
“Dê tijolos para obter jade”.
Tenho outros como o “Livro do Mestre Chang”, “A arte da guerra de Sun Pin”, e mais um monte, mostrando que a China passou por milênios de guerras entre os seus estados e contra estrangeiros (mongóis por exemplo). Estamos falando de 5 mil anos de história, é profundo, pesado – para efeito de comparação, o Brasil tem 500 anos de história.
Nesta jornada, descobri algo muito mais fascinante do que todos os livros acima juntos. Se juntar todo o conhecimento e histórias acima, não dá nem um terço deste último, que deixo aqui como o ponto alto desta exposição: O Romance dos Três Reinos.
O maior estrategista da história da China não é Sun Tzu. Longe disso. O maior estrategista da história da China chama-se Zhuge Liang Kong Ming, o “dragão agachado”, e suas inúmeras estratégias e artimanhas que fariam Ulisses, da Odisseia, parecer um amador.
O nome “Três reinos” está errado, na verdade eram três impérios. Haviam muito mais reinados menores, que foram sendo consolidados (ou seja, derrotados), até sobrarem apenas os três reinos de Wei, Wu e Shu Han. Foram dezenas de anos de batalhas entre esses, até chegar ao vencedor que consolidou a China como um todo.
A Arte da Guerra na China moderna
Vim para a China achando que encontraria diversas mênçãos à sua gloriosa história, e que as minhas referências como Sun Tzu e Zhuge Liang Kong Ming seriam populares e conhecidos por aqui.
Ledo engano.
E este é o motivo:
A partir da revolução comunista de 1950, Revolução cultural nos anos 70, parece que o passado foi deletado, e tudo recomeçou do zero.
Ainda é possível encontrar sobre os mais de 5000 anos de história da China preservados em tradições e no estilo de vida chinês, porém, para estudar sobre isto, só no museu. Nas ruas, observa-se claramente o controle do Estado em todas as vidas deste país – mas isto é tema de outro assunto, mais detalhado.
Não encontrei a Arte da Guerra antiga, somente os efeitos da Arte da Guerra moderna. E, dizem as lendas, que Mao Tsé Tung sempre carregava uma cópia do Romance dos Três Reinos com ele.