Quando eu era criança, achava que o ser humano tinha convivido com os dinossauros. Um homem das cavernas, com uma clava na mão, correndo do tiranossauro. Mas isto não é verdade. O timing está errado. Os dinossauros desapareceram há mais de dois milhões de anos, enquanto o ser humano evoluiu de macaco há uns 100 mil anos.
Entretanto, o humanóide de milhares de anos atrás conviveu com uns animais bem esquisitos. Na América do Sul existiam Tatus gigantes, preguiças gigantes, elefantes sul-americanos (mastodontes).
A isto, dá-se o nome de “Megafauna”.
Coincidentemente ou não, à medida que os humanóides foram chegando, esses megabichos foram desaparecendo. Uma das teorias existentes é que o ser humano deu uma forcinha para acabar com esta megafauna.
Olha só a linha de raciocínio. Na África, onde a evolução do humanóide começou há uns 500 mil anos, há megafauna até hoje: rinoceronte, hipopótamo, elefante. A fauna africana teve tempo de evoluir, de aprender que o humanóide com jeito de macaco era perigoso.
Mas o humanóide foi se espalhando pelo mundo, e onde ele chegou, esses bichos sumiram. Nesses lugares novos, os animais não tiveram tempo de evoluir para reconhecer o humanóide como uma ameaça.
Há uns 45 mil anos, existiam na Austrália cangurus gigantes e wombats (parece uma paca) do tamanho de rinocerontes. Imagina o ser humano, olhando para um monte de carne ambulante desses, praticamente indefeso…
Em ilhas do Pacífico, existiam aves gigantes que não voavam, que também foram extintos nesta época.
Na região da Sibéria, há uns 10 mil anos, os últimos mamutes foram extintos. Mamute era um tipo de elefante grande. E a Sibéria era o caminho do ser humano para chegar à América.
Chegando às Américas, há uns 10 mil anos, as preguiças gigantes, os tatus gigantes, os mastodontes sul-americanos, a megafauna foi sendo extinta mais ou menos quando os humanos chegavam.
Animais gigantes necessitam de um longo período de gestação (o elefante, por exemplo, tem gestação de dois anos), e têm uma vida muito mais longa do que os animais menores. E também estão no topo da cadeia alimentar, no sentido de que dificilmente algum animal ataca um elefante. Um elemento desequilibrante como o ser humano, que consegue atacar estes animais, pode comprometer toda a espécie mesmo se atacar somente um número pequeno de indivíduos.
Esta teoria de que o ser humano contribuiu decisivamente para a extinção da megafauna não é a única. Há a teoria de que a culpa foi de um período glacial de mudança climática. De qualquer forma, é uma teoria interessante, e não duvido da capacidade do ser humano.
Em 2009, estive na Austrália. Vi o ornitorrinco, o wombat, o canguru. O canguru, por exemplo, até hoje não se adaptou ao ser humano. O canguru não sabe atravessar a estrada: eles simplesmente vão pulando, como se não existissem carros. É bem comum ver cangurus atropelados. Aliás, cangurus pulando, só em desenho animado. Dá trabalho pular, então, em 90% dos casos, os cangurus se mexem rastejando.
O Koala é um bicho preguiça com uma cara bonitinha. O Koala fica o dia inteiro dormindo. Deve ficar acordado umas duas horas por dia, mascando folhas de eucalipto. Quando se mexe, é mais devagar que uma tartaruga treinada pelo Barrichelo. Talvez o Koala tenha sobrevivido até hoje só por que é simpático, se fosse feio já estaria extinto faz tempo.
O excelente livro “Sapiens, uma história da humanidade”, de Yuval Noah Harari, conta a história da evolução do ser humano e tem várias teorias interessantes.
Arnaldo Gunzi.
Maio/2015
Links úteis
http://www.amazon.com/Sapiens-Humankind-Yuval-Noah-Harari-ebook/dp/B00ICN066A/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1430643739&sr=8-1&keywords=sapiens
http://en.wikipedia.org/wiki/Megafauna#Examples
http://io9.com/5896262/the-last-mammoths-died-out-just-3600-years-agobut-they-should-have-survived
http://phys.org/news183924703.html
Gostei, Arnaldão! Muito interessante.
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