Uma forma de explorar ao máximo o seu negócio é criando um universo, ou mais de um, um multiverso.
Os filmes da Marvel Comics são sucesso mundial nos dias de hoje – vide o Avengers:Endgame, que fechou um arco de narrativas interconectadas, custou a fabulosa soma de $ 400 milhões e faturou $ 2,8 bilhões, se tornando o filme de maior renda bruta da história.
O comecinho da Marvel, nos anos 60, introduziu uma série de inovações em relação aos concorrentes de pulp comics da época.
A primeira foi ter personagens humanos e falíveis – o Homem-Aranha é um garoto azarado, sofre bullying na escola, vive sem dinheiro, tem um chefe ranzinza e é criado pela tia; já o Super-Homem tem superforça, voa, visão de raios X e é, basicamente, perfeito.
Uma segunda inovação foi o crossover entre títulos: o Hulk aparece numa edição do Quarteto Fantástico, o Dr. Destino ataca os Vingadores, o Wolverine aparece numa edição do Hulk e depois é aproveitado nos X-Men, etc. Um verdadeiro universo de personagens, um multiverso.
O universo de um único personagem, por melhor que seja, vai ter um limite.
O multiverso confere profundidade aos títulos como um todo, além de usar o bom momento de um para alavancar o outro. Não à toa, é um recurso amplamente explorado até os dias atuais, vide o arco de filmes citado.
O crossover pode não ser tão fácil de fazer. Uma das questões envolve direitos autorais. No caso da Marvel, como todos os personagens eram da editora (e não dos roteiristas e desenhistas), isso foi possível. Um contraexemplo são os personagens da Image Comics, editora surgida nos anos 90, onde todos os direitos pertencem aos autores. Na Image, cada título é individualmente bem-sucedido, porém, uma iniciativa conjunta torna-se extremamente mais difícil, porque envolveria negociações a cada inclusão no multiverso.
Pois bem, como usar o Efeito Multiverso para bombar o seu produto ou serviço?
1. Criar conceitos próprios inovadores. A matéria prima inicial é ter produtos ou serviços de qualidade, conceitos e ideias novas, criar personagens e dar nomes às suas criações.
2. Cruzar conceitos novos com antigos. A cada nova ideia ou aplicação, referenciar os conceitos já abordados anteriormente. Também é válido associar-se a outros criadores, e fazer crossovers.
3. Calibrar o “Ponto ótimo de inovação”. Uma quantidade enorme de informação nova não agrada às pessoas. A mesma história de sempre, também não. O ponto ótimo é partir de algo familiar, mas incorporando alguma novidade. Não à toa, séries de streaming começam com alguns poucos personagens e narrativa simples, e à medida que os episódios vão passando, novos personagens e tramas paralelas vão surgindo.
O autor Jim Collins usa bem a técnica descrita. Num artigo sobre “flywheel”, ele referenciou livros anteriores (como o “Good to Great”) e conceitos anteriores (“Hedgehog”), entre outros.
Use o Efeito Multiverso a seu favor. O mundo precisa de imaginação.
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