Cisnes Negros e gestão de riscos

Cisnes Negros são eventos de baixíssima probabilidade, porém impacto extremamente elevado.

O evento ocorrido em Brumadinho, Minas Gerais, é um Cisne Negro.

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/01/25/barragem-em-brumadinho-tem-volume-de-1-milhao-de-m-de-rejeito-de-mineracao.htm

O termo “Cisne Negro” foi popularizado pelo pensador libanês Nassim Taleb, um trader, filósofo autor de livros como “Black Swan” e “Antifrágil”.

A premissa da teoria é que Vivemos num mundo em que não conhecemos. Mas não é isso que parece. Economistas que têm todas as respostas, Intelectuais que dão pitaco em tudo na nossa vida, Inteligência Artificial se aproximando da singularidade, Machine Learning, supercomputadores quânticos, dão a impressão de que é só apertar um botão e tudo se resolverá. Porém, isto nunca ocorrerá, por um simples motivo: eventos extremos não têm histórico, eles são inesperados justamente porque nunca ocorreram no passado. É impossível extrair informação de onde não existe, por mais inteligente que seja a pessoa, por mais avançada que seja a nossa tecnologia. Devemos respeitar esta premissa. Vivemos num mundo que não conhecemos.

Outra questão colocada por Taleb é que o mundo atual está cada vez mais otimizado. Empresas cada dia mais globalizadas, consolidadas mundialmente, ganhando sinergia de processos e otimizando operações. Tudo ótimo, porém, quanto maior a escala, maior o Black Swan: mais riscos mascarados dentro da complexidade destas operações, mais indireta é a relação entre o administrador da empresa e os clientes, menos “pele no jogo”.

Uma das respostas básicas para evitar eventos extremos é a boa, velha e simples gestão de riscos: ter seguros, opções, plano B, redundâncias, desotimizações. Porém, seguros custam caro a curto prazo e podem não ser utilizados (exemplo: aumentar estoque de segurança). Abrir opções nos processos críticos (digamos, fornecedores alternativos) também pode não fazer sentido a curto prazo e afetar negativamente o EBITDA trimestral, porém, é muito importante a longo prazo.

A natureza é cheia de redundâncias. Temos dois rins e sobreviveríamos com um. Se o corpo humano fosse uma empresa querendo cortar custos, ele veria a ociosidade do trabalho dos rins e pediria para desativar um deles. Redundância genética: temos dois genes, um do pai e um da mãe, para exatamente a mesma função (digamos, indicar a cor dos olhos). Daria para sobreviver com um só, afinal, na maioria das vezes um dos genes é o dominante, e o outro, recessivo. Afinal, para que serve o gene que está sobrando? Serve como uma reserva, para futuras gerações. É como se fôssemos bibliotecas de genes, guardando esta para o caso de ser útil a longíssimo prazo (digamos, imunidade a uma doença nova ou a alguma grande alteração do ambiente). A vida é sábia, sobrevive há centenas de milhões de anos, e é repleta de gestão de riscos.

Desconheço o case da Vale para opinar. Este texto trata de conceitos de risco de forma genérica. Desejo paz às vítimas deste acidente, e que a gestão de riscos tenha a importância que merece dentro da administração pública e das organizações privadas, a fim de evitar outras catástrofes como esta.


Ideias técnicas com uma pitada de filosofia:https://ideiasesquecidas.com/ https://ideiasesquecidas.com/

A Teoria dos Cisnes Negros:

https://ideiasesquecidas.com/2017/08/09/a-teoria-dos-cisnes-negros/

https://ideiasesquecidas.com/2019/05/10/o-que-e-antifragil/

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