Tive a honra de conhecer o prof. Luiz Wagner Biscainho, dono de uma inteligência fabulosa e um ouvido supersônico, quando fiz mestrado em Eletrônica na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ele era especialista em aplicar “provas bimodais”: metade da turma tirava Zero, a outra metade tirava Dez. Acho que ele fazia isto meio sem querer, ou talvez “sem querer querendo”.
É claro que o resultado também era bimodal: ou a pessoa desistia de fazer o curso, ou virava fã do Luiz Wagner.
Como tirar 10 do jeito Luiz Wagneriano
Para tirar 10 numa prova dessas, é necessário buscar além do primeiro “por quê?”. Deve-se perguntar três “por quês?” em seguida, em profundidade, a fim de entender realmente o tema.
Todo mundo tem a resposta para o primeiro “por quê?”. Mas a ideia é prosseguir: “por quê?”. O segundo “por quê?” é mais difícil de responder. E o terceiro “por quê?” é bem profundo, as pessoas não têm a resposta.
Convido os leitores a fazer este exercício. Questionar um passo além do ponto em que normalmente paramos.
Exemplo.
Afirmação: não consigo estudar
Por que não consegue estudar? Porque não tenho tempo.
Por que não tem tempo? Porque trabalho de dia.
E não daria para estudar no ônibus? Ou à noite? Ou de manhãzinha? Ou alocar uma hora por dia para isto? Ou dispensar alguma outra atividade para estudar? Trocar o tempo do Facebook por uma leitura?
Este método dos três “por quês?” na verdade é inspirado no empresário Ricardo Semler, de uma companhia chamada Semco.
Há um método do Sistema Toyota com 5 “por quês”. Mas acho 5 um número grande demais. Três já são suficientes para passar a ideia: questionar além do superficial e entender a essência do problema. E tirar 10 na prova do prof. Luiz Wagner.
Arnaldo Gunzi