O gato jovem chega a uma conferência de gatos, onde estava a discursar o seu avô, o “gato sonhador”.
– Havia um tempo onde os gatos eram os mestres, e os humanos eram os nossos bichinhos de estimação. Tínhamos tudo: casa, comida, amigos. Cada um de nós ia trabalhar duro durante o dia, e a noite voltávamos para a nossa família, para cuidar de nossas esposas e filhotes. Muitas das casas tinham um humano, porque alguns de nós achávamos esses seres engraçados e inofensivos.
(Um dos gatos da plateia)
– Besteira. Pare de falar bobagem, velho gagá!
(Gato sonhador)
– Mas, um dia, mudou tudo. As nossas casas passaram a ser deles. As nossas ruas passaram a ser deles. Eles se tornaram os mestres, e nós é que viramos os bichinhos de estimação.
(Os gatos da plateia vão embora)
– Chega disto para mim. Esta história é absurda.
– Eu também vou embora. Tem uma tigela de leite quentinha e um pote de ração me esperando.
O gato jovem pergunta ao avô sonhador:
– Vovô, por que você continua a repetir a mesma história, se no final nunca te dão ouvidos?
– Pequeno, um sonho isolado não é nada. Mas o sonho de um número suficiente de gatos pode se tornar realidade. Se 1.000 gatos sonharem a mesma coisa ao mesmo tempo, podemos voltar a ser os Mestres.
(recontado a partir de uma história do Sandman, de Neil Gaiman)