No Japão existe um biscoito preparado exclusivamente para o caso de terremotos.
É um biscoito de trigo bem seco e duro, para ficar anos sem estragar. Quase não tem tempero: se fosse muito salgado, faria a pessoa sentir sede, e não se sabe se haveria água num desastre natural.
É numa embalagem de metal – para aguentar fortes impactos. Tem um abridor como o de latas de refrigerante.
É um biscoito, mas também um retrato do trauma de ter passado por terríveis guerras, bombas atômicas, terremotos e tsunamis.
É um seguro, uma precaução.
Este trauma é tão forte que há tempos o Japão vive dificuldades econômicas por causa de uma cultura excessiva de poupar recursos.
Uma vez vi uma entrevista de duas velhinhas japonesas de mais de 70 anos, que têm mais de 1 milhão de dólares em suas contas bancárias e mesmo assim vivem em total austeridade, economizando hoje para o caso de dificuldades futuras.
As culturas ocidentais têm a percepção oposta: se endividam hoje para pagar em dobro no futuro… muitas dessas culturas não sobreviveriam a um terremoto.