Há uns 10 anos, li uma frase de um chinês chamado Er Hu, que dizia “Seja pleno em tudo o que fizer. Se é para guerrear, destrua o adversário, se é para amar, o faça com toda a intensidade”. Achei esta frase um tanto poderosa, mas logo a ignorei por ser absorvido pela difícil tarefa de sobreviver ao dia-a-dia.
Esta ideia de viver plenamente o agora lembra o Carpe Diem, lema de alguma escola de filosofia. Mas, para mim, até então era mais uma ideia, apenas outra teoria filosófica que não servia para nada. Nunca tinha tentado viver desta forma.
Isto até o dia em que tive uma aula, com o prof. Carlos Viveiro. Este me passou um conceito e uma tarefa.
O conceito é que viver o presente é extremamente difícil.
1. O presente é o aqui e o agora. Não é o futuro, não é o passado. Não é antecipar sofrimento ou felicidade. Não é reviver bons momentos ou lamentar maus momentos. Não é pensar no que poderia ter sido ou o que vai ser, e sim, no que sou e estou agora. Ser feliz agora.
2. Se o presente é o mais importante, a pessoa com quem eu estiver falando agora é a mais importante do meu mundo atual. Seja quem for, só consigo afetar a pessoa com quem eu consigo me comunicar agora,
3. Se consigo apenas influenciar quem está a minha frente e agora, o meu objetivo sempre deve ser fazê-la mais feliz.
Pode parecer simples, mas quantas vezes nos vemos conversando com a esposa/ marido/pai/mãe sem dar a menor atenção verdadeira?
Depois da aula, dediquei-me plenamente à minha família (enquanto tive energia). Embora ninguém tenha percebido nenhuma grande diferença, por dentro eu estava muito feliz de finalmente seguir o conselho de Er Hu.
No dia seguinte, peguei o carro para o trabalho. Peguei um caminho diferente porque fazia tempo que não ia por este, e fui mudando a estação de rádio. Ouvi uma música bonita, que fazia anos que não escutava. “I’m not in love”, dos Pretenders. Prestei plena atenção na música, e me deliciei com cada segundo dela, como nunca antes eu fizera, ignorando a batalha do trânsito.
O restante do dia também foi neste ritmo.
Mais um menos umas 16h, percebi que era o dia do rodízio do carro. E que eu tinha andado pela cidade de SP no horário do rodízio, e que o caminho que eu fizera tinha um radar chato que com certeza me pegou. Esta é a primeira vez na vida que simplesmente esqueço do rodízio – normalmente sou tenso demais para esquecer disto.
Fiquei chateado? Não. Desfrutar de verdade da companhia de pessoas queridas, admirar a beleza de um passeio de carro sem o stress do trânsito e ouvir a uma boa música com o coração valem muito mais do que qualquer multa pode valer.
Dois exercícios:
a) Apenas escute a música, com plena atenção. É a ilustração do quanto pode-se fazer em 1 segundo.
b) Escolha uma pessoa, hoje, e dedique-se plenamente a ela (e comente o resultado aqui no blog, é claro).
Arnaldo Gunzi
Jun 2015
Link do Prof Carlos Viveiro:
http://www.negociarte.com.br/
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