Maus, a história de um sobrevivente

Maus é a autobiografia de Art Spielgelman e a relação complicada com seu pai, Vladek Spielgelman.
Vladek era judeu na Alemanha de Hitler, e viveu na pele todas as dificuldades do holocausto.
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Os judeus foram desenhados como ratos (daí o título: maus em alemão = mouse = rato), os nazistas como gatos, os americanos como cachorros, os poloneses como porcos.
São muitas e muitas histórias contadas em detalhes impressionantes, algumas com rancor, outras mostrando as dificuldades que Vladek viveu, outras com os traumas que deixaram sequela.
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Tentarei descrever rapidamente algumas histórias.
  • A família de Art tinha boas condições financeiras antes da Segunda Guerra. Com a ascenção de Hitler, as coisas foram piorando: perseguições, restrições, fechamento de empresas judias.

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  • Uma das primeiras vítimas foram os mais velhos. Os avôs de Art tinham sido convocados pelos nazistas a ir para uma “casa de repouso” nazista. O panfleto mostrava velhinhos alegres vivendo uma vida em paz, digna. Os avôs se negaram a ir, e se esconderam até serem descobertos.

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  • Após os avôs serem pegos, a família de Vladek fugiu de um lado para outro. Se esconderam no teto de uma casa abandonada, e depois numa casa de poloneses. Teve um amigo de Vladek que ficou meses escondido num buraco debaixo de uma lixeira.

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  • Um primo de Vladek (Haskel) convidava oficiais judeus amigos, oferecia muita bebida, jogava e perdia muito dinheiro com cartas. Era a forma dele sobreviver.

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  • Um soldado nazista uma vez pegou o chapéu de um judeu e jogou para longe. Mandou ele buscar. Fuzilou o coitado, dizendo que evitou a fuga deste. Com isto, foi premiado com um fim de semana de descanso.
  • A família de Art tentou fugir para outro país, com a ajuda de atravessadores. Vladek era muito desconfiados, mas o que o convenceu foram cartas de parentes, que supostamente tinham fugido para a Polônia. Mas as cartas eram apenas um engodo, e todos foram presos pelos nazistas – e levados a campos de concentração.
  • Saber falar alemão e inglês representou a diferença entre a vida e a morte para Vladek. Com o decorrer da guerra, ficou evidente que os EUA iriam vencer. Um dos oficiais do campo de concentração começou a ter aulas de inglês com Vladek, oferendo proteção e privilégios em troca.

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  • Vladek é extremamente pão duro. Não joga fora nada, nem um copo de plástico descartável velho. Conta todo dia cada centavo que tem. Conta até o número de palitos de fósforo que tem.
  • Uma vez, Art deu carona a um negro. Vladek começou a xingar (em polonês) o negro (schwarzer) de tudo o que era jeito, e só parou quando este desceu no destino. Mas como pode alguém que sofreu discriminação racial fazer o mesmo?

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Os relatos acima são 1% do livro. Nem citei a mãe (Anja) e nem o irmão mais velho (Richieu) que viveram o holocausto com Vladek. Art Spielgeman está nu nesta obra. Não pelado no sentido físico, mas no sentido de que põe para fora todos os seus segredos mais íntimos.
Maus não é um livro político, nem foca Vladek como heroi. Muito pelo contrário: Art e Vladek cometem erros, ações incompreensíveis e comportamentos contraditórios, como todo ser humano.
Arnaldo Gunzi
Jun/2015

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