Conta Shigeo Shingo, o grande engenheiro industrial do Japão dos anos 60.
Havia um processo numa fábrica de sucos de laranja, em que cerca de 20 operadores tinham que tirar caule e depois descascar a fruta. A parte crítica do processo era a de tirar o caule, que exigia mais habilidade do que descascar. As perdas neste processo eram de cerca de 30% das frutas.
Sugestão:
Dividir os operadores em dois grupos, um grupo menor com mais habilidade para retirar somente o caule, e o segundo grupo apenas para descascar. Com essa sugestão simples, as perdas diminuiram pela metade.
De uma forma mais geral, o caminho a ser seguido foi o de dividir o processo em dois subprocessos menores. Cada subprocesso é otimizado de seu jeito, e o processo original passa a ser a soma dos subprocessos otimizados.
Separar – melhorar – recombinar
Em meus projetos de consultoria, noto que todas as vezes em que o pessoal em nível de diretoria (ou gerência) quer uma solução que faça tudo ao mesmo tempo, ela acaba com um fantástico sistema (em power point ou num SAP ou numa outra linguagem inflexível) que não resolve nada na vida real, para o operador que mete a mão na massa. Uma solução simplesmente Top-Down só funciona na teoria, é um engana que eu gosto.
Uma forma de se trabalhar que eu gosto muito é a de separar – melhorar – recombinar, que nem a das laranjas. Quebrar o processo em diversos subprocessos menores, que podem ser atacados isoladamente. Para cada subprocesso desses, melhorar ou automatizar ou otimizar, mesmo que seja apenas numa planilha excel esperta. Deixar rodar esses subprocessos melhorados por um tempo, a fim do processo ganhar maturidade. Finalmente, juntar essas soluções menores em algo mais completo, atingindo enfim um resultado bom no todo.
Este método não gera PPTs bonitos, nem tem marketing para o Diretor se gabar para outros por ter implantado o SAP módulo XYKD. Mas “separar – melhorar – recombinar” funciona, gera valor real. É efetivo, é o que interessa no final das contas.