“Profissionais” x “Amadores”

Um “amador” tem a conotação de alguém que tem alguma outra ocupação principal, mas faz o assunto em questão por hobby, lazer, paixão. Um “profissional” vive do assunto em questão, já faz isto durante anos, portanto é de se supor que o profissional seja melhor do que o amador.

Mas um amador pode ser extremamente talentoso e produzir um conteúdo fora de série. Um profissional pode ser alguém que produz conteúdo de forma burocrática, preso a formalidades ou a outras regras.

Uma das belezas da internet é que ela permite que conteúdos produzidos por pequenos “amadores” sejam divulgados para todo o mundo. Num passado não muito distante, tal conteúdo só chegaria ao público após passar por filtros das redações jornalísticas, gerados por “profissionais”. Este efeito é a tal da “cauda longa” de Chris Anderson, em que milhões de pequenos indivíduos produzem trabalho que passa a ser notado pelo resto do mundo. O fato é que os “amadores” estão superando os “profissionais”, nas áreas em que a cauda longa emerge.

Dois exemplos:

Um jornalista desconhecido produziu um blog de extrema qualidade, chamado waitbutwhy. Rapidamente, o blog viralizou, tendo atualmente 75 mil seguidores.
Este post explica a história dos confrontos atuais do Iraque, de uma forma extremamente clara e concisa. Nem a Folha, nem a Globo.com tem uma linguagem nem visão semelhantes.
http://waitbutwhy.com/2014/09/muhammad-isis-iraqs-full-story.html

Este post conta a história de uma visita à Coreia do Norte. Também é um post claro, de alta qualidade, e até engraçado.
http://waitbutwhy.com/2013/09/20-things-i-learned-while-i-was-in.html
Exemplo 2: Um programador desconhecido começou a produzir vídeos sobre como programar em Java. De forma concisa, descontraída, ele explica muito bem os conceitos. Ele também destaca muito bem as pegadinhas inevitáveis que um programador vai passar. O conteúdo é gratuito no youtube, itunesU. Ele também fez um blog de apoio ao vídeo.
https://howtoprogramwithjava.com/

Para efeito de comparação, tenho um livro da coleção Schaum sobre Java, que custou uns 80 reais. É pesado, cheio de definições complicadas. Parece uma aula de Universidade, ou seja, um pé no saco. Portanto, rapidamente abandonei o “profissional” pelo “amador”.
Talvez o maior amador de todos seja Steve Jobs. Atropelando todas as regras de business, ele conduziu a empresa com pura paixão, produzindo algumas das maiores revoluções da computação. Quando ele foi colocado para fora da Apple em 1985 e substituído por um “profissional” (John Sculley), a Apple passou a ser uma empresa comum: corte de custos, aumentar EBITDA, margem, VPL, TIR, gerenciamento da rotina, análise SWOT, blá blá. E a Apple quase foi à falência, sendo salva pelo mesmo Jobs, anos depois.

A próxima revolução vai ser a dos amadores. Portanto, continue um amador, faminto e tolo.

stayhungry1

Arnaldo Gunzi
Dez/2014

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