Conheço o Marcos Pontes de uma palestra que assisti dele, o que é pouco, mas posso falar muito da parte ITA (fiquei 5 anos), da Aeronáutica (outros 5 anos) e de vários colegas aviadores que fizeram engenharia.
O futuro ministro da Ciência e Tecnologia é tenente-coronel aviador e engenheiro aeronáutico, pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
A Academia da Força Aérea (AFA) fica em Barbacena, MG. Entrar e se tornar aviador na AFA envolve uma dedicação enorme. Disciplina militar na veia e formação acadêmica equivalente à administração. Não é para qualquer um. E, para piorar, mesmo que a pessoa seja perfeita fisicamente e perfeita intelectualmente, ser aviador significa voar. E a parte do voo reprova muita gente competente, que simplesmente não tem genética para voar.
Ser engenheiro do ITA não é pouca coisa. Há pouquíssimas vagas por ano (umas 120). As provas são nos níveis mais elevados do Brasil. Os alunos, além de dar conta do recado, ajudam a tornar o nível mais alto ainda. Conheci algumas pessoas brilhantes – só na minha turma, duas pessoas conseguiram o título de suma cum lauda – ou seja, nota média de 9,5 no curso. Basta dizer que a Embraer deve muito às cabeças vindas do ITA. O ITA é um oásis de excelência num país que tem uma educação bem abaixo da média mundial.
Ser aviador pela Força Aérea e depois fazer o curso de engenharia no ITA é para pouquíssimos. Todos os aviadores engenheiros que conheci eram pessoas extremamente capacitadas, tanto na parte militar quanto na parte analítica. Os filtros são muito seletivos. Não tem como a pessoa ser fraca, ou um enrolador, impossível.
No currículo dele também consta mestrado em Engenharia de Sistemas pela Naval Postgraduate School, Califórnia, EUA, entre outros.
Para ser o astronauta no processo da NASA, houve um processo seletivo, que Pontes participou junto com outros concorrentes do mesmo porte, extremamente capacitados. Pontes foi o melhor do Brasil na época em termos físicos e capacidade intelectual.
Na NASA, foram alguns anos na preparação para ser astronauta, onde ele teve que abdicar dos seguintes itens: a família, a carreira na Aeronáutica e a própria vida.
- A família porque o treinamento envolvia dedicação total, 24h por dia e 7 dias por semana.
- A carreira militar porque a missão era civil, e ele deveria abdicar de ambições de seguir a carreira por vias normais.
- E a vida, porque ir para o espaço é algo potencialmente perigoso. O astronauta deve estar preparado para enfrentar (sozinho) todos os eventuais problemas que ocorrerem durante a jornada. Todo astronauta deve assinar um documento, dizendo que está ciente de que a missão talvez seja só de ida…
Se pegar um avião e ir para a China sozinho já é meio assustador, imagine entrar num foguete e ir para uma estação espacial em órbita no meio do nada?
Embora a finalidade da missão espacial seja muito contestada, não cabia a Pontes questionar os objetivos desta, e sim executá-la da melhor forma possível.
Portanto, Pontes tem uma carreira brilhante, uma formação excelente e certamente uma boa vontade enorme. A palestra e os livros dele mostram todo esse idealismo e otimismo, beirando à auto-ajuda (que não curto muito).
De toda forma, suponho que a formação dele seja melhor que a de políticos como Aldo Rebelo e Aloizio Mercadante, ex-ministros da pasta.
Se ele vai ser um bom ministro, não se sabe, por necessitar de habilidades políticas que talvez ele não tenha. Um ponto forte é que ele conhece outras tantas pessoas brilhantes como ele, e tem potencial para compor um ministério altamente competente.
Por fim, desejo boa sorte. O Brasil precisa de mais ciência e tecnologia de verdade.
Alguns links.
http://www.marcospontes.com/$SETOR/MCP/VIDA/biografia.html
Excelente texto..obrigado por te ler.
Muito bom!!!
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Realmente um texto fantástico!
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Disse tudo! Mas talvez ele não seja bom político. Time will tell.
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