A próxima crise do Euro

A próxima crise a chegar, a da Itália, pode dar um fim definitivo ao sonho da moeda única europeia.

Vide por exemplo:

https://www.express.co.uk/news/world/1037766/italy-financial-crisis-recession-credit-crunch-budget-brussels-eu-euro-eurozone

https://www.express.co.uk/news/world/1038293/Eurozone-news-latest-growth-figures-italy-crisis-EU-news

 


 

Para mim, o Euro nunca fez sentido. É uma utopia, tanto quanto o estado de bem estar social. Utopias funcionam por um tempo, mas não a longo prazo.

 

Embora bonito, como toda utopia, há falhas seríssimas no conceito.

 

Os bancos centrais de cada país perdem consideravelmente sua independência, em termos de taxas de juros, possibilidade de desvalorizar a moeda, gerar inflação.

 

 

A Grécia, que tem uma economia minúscula, quase levou o Euro ao fim, em 2010.

 

 

A Itália, uma das maiores economias do mundo, precisará de um esforço absurdo para equilibrar contas.

 

 

No final das contas, a economia a longo prazo é como se fosse a economia doméstica.

 
Algumas pessoas têm alta capacidade de produção, recebendo proporcionalmente a isto. Outras têm menos capacidade.

 
Quando o forte e o fraco se juntam num grupo, ocorrem distorções.

 
Se o padrão de salário é nivelado por baixo, todos ficam mais pobres.

 

 

Se o padrão de salário é nivelado por cima, o menos produtivo torna-se caro demais – o efeito é um desemprego elevado na Itália, Espanha, Grécia.

 

 

O fraco acaba em débitos constantes até que um dia está em vias de não pagar a conta do aluguel e do restaurante.

 
Então o forte diz para o fraco: vou emprestar dinheiro, mas você tem que gastar menos, viver na austeridade. Parar de ir na pizzaria e tomar vinho. Passar a comer pão velho amassado e água torneiral. Mas vai continuar sem emprego porque os salários vão continuar altos para alguém tão improdutivo quanto você.

 

 

Em relação à taxa de juros, é como pegar dinheiro emprestado. O forte não precisa de dinheiro, então vai pagar poucos juros. Já o fraco precisa de dinheiro para investir em algo novo e sair do ciclo vicioso, então vai prometer juros maiores. Mas, se os juros estiverem atrelados ao forte, o fraco não vai conseguir crédito no mercado.

 

 

Efeitos: o forte fica fulo da vida por emprestar o seu suado dinheiro, e o fraco também fica fulo da vida por comer pão velho e continuar sem saída deste ciclo vicioso.

 
Se o mundo tiver sorte, o Euro acaba agora, com consequências terríveis no curto prazo, mas voltando ao que sempre deveria ter sido.

 

 

Se o mundo tiver azar, dão um jeito de remendar o Euro, via emissão de dinheiro, empréstimos, promessas de austeridade. Isto vai dar um alívio no curto prazo, mas vai empurrar o problema com a barriga, numa bola de neve que um dia vai explodir muito feio.

 
O meu palpite é que o Euro não vai acabar agora, porque vão dar um jeito de salvar.

 

É como um casamento. Brigam, mas a separação é muito forte para ocorrer de fato.

 

Porém vão continuar brigando e brigando por um bom tempo, pelos motivos diversos.

 

Por trás de tudo isto, está que a Europa está cada vez menos relevante, principalmente os países periféricos – onde falta pão, todos ralham sem ninguém ter razão.

 
Nota: Este é um tema confuso, e é claro que muita gente não concorda com os pontos acima (como o amigo Marcos Melo, que tem mais otimismo no Euro).

Mas, de qualquer forma, o mundo está numa fase estranha, desconhecida para todos.

Que fase…

 

 

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