Uma breve história do tempo
Existe um cérebro, aprisionado num corpo inválido, que sonhou com o começo do universo.
No início, houve uma explosão, um Big Bang, que deu origem ao espaço e ao tempo.
O universo começou a se expandir e a resfriar. Do resfriamento da energia, começou a surgir a matéria. Da matéria, surgiram as estrelas e planetas.
As estrelas têm um ciclo de vida. Elas começam pequenas, e vão crescendo até virarem gigantes vermelhas, onde é o seu ápice. Daí, começa a decadência, se transformando em anãs vermelhas, depois em anãs brancas, até morrerem agonizantes, se transformando em um buraco negro. A morte de uma estrela é tão poderosa que suga tudo o que estiver ao redor. Nem a luz escapa.
Isto não é um delírio qualquer. É uma teoria extremamente respeitada, escrita por um dos maiores cientistas dos últimos tempos.
E o cérebro aprisionado num corpo inválido é o de Stephen Hawking.
O universo numa casca de noz
Hawking tem problemas neuro-motores que paralisam todos os músculos de seu corpo. Ele necessita de assistência ambulatorial 24 horas por dia, para fazer absolutamente tudo: comer, tomar banho, trocar de roupa, deitar, trabalhar, tomar sol, sair.
Hawking não consegue falar. Para se comunicar, Hawking usa um computador que capta o movimento de sua bochecha. Um cursor vai se movendo no teclado. Ele escolhe a primeira letra, e vão surgindo opções para a palavra inteira, similar a quando escrevemos num smartphone. Depois de montar uma frase inteira, ele usa um sintetizador de voz para pronunciar o que está escrito. Pode demorar vários minutos para escrever uma frase completa.
Hawking teve que desenvolver uma capacidade de processar mentalmente fórmulas matemáticas e visualizar equações, uma vez que não conseguia escrever. Talvez por isso, suas aulas têm tantas analogias com coisas do cotidiano:
“Estar próximo a um Buraco Negro é como estar nas Cataratas do Niágara em uma canoa. Você consegue fugir se remar rápido o suficiente, mas se estiver muito próximo, é o fim. À medida que vai se aproximando, a correnteza torna-se mais forte.”
Foi assim, escolhendo cada letra com a bochecha, e visualizando equações, que ele escreveu diversos livros sobre buracos negros, explicações sobre o Big Bang, teorias sobre o início dos tempos. Escreveu e foi co-autor de mais de 10 livros, diversas aulas, vários filmes e dezenas de artigos, indo do extremamente acadêmico ao extremamente didático.
O livro “Uma breve história do tempo” vendeu mais de 10 milhões de exemplares em 20 anos, introduzindo o mundo da cosmologia ao leitor leigo. É um dos marcos da divulgação científica.
Epílogo
As pessoas (incluindo os autores deste texto) vivem reclamando que não têm tempo, energia, recursos para lutar por seus objetivos. Nesses momentos, Hawking vem à lembrança.
Stephen Hawking não consegue utilizar sua mãos nem seus pés. Não consegue falar, não tem vida própria. Mas, mesmo assim, conseguiu ser um dos maiores cientistas e um dos maiores divulgadores da ciência de todos os tempos.
Hawking é a prova de que as limitações estão em nossa mente, e não em nosso corpo.
Arnaldo Gunzi
Colaboração do meu amigo João Silva
Vídeos e links relacionados
https://www.youtube.com/watch?v=UErbwiJH1dI
A Teoria de Tudo
http://www.adorocinema.com/filmes/filme-222221/trailer-19540179/
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Repostando em homenagem ao grande Stephen Hawking.
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