Hoje, Dezembro de 2019, foi publicado o resultado do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) referente a 2018 – principal avaliação de educação básica do mundo.
Fatos a notar:
1- A China está em primeiro nos três rankings (Leitura, Matemática e Ciências). Na verdade, a China dá uma roubadinha no ranking. Ela como um todo não compete, mas sim, somente algumas províncias (Pequim, Xangai, Jiangsu e Guangdong).
2 – O impressionante mesmo é a evolução da China. No PISA 2015 (é realizado a cada 3 anos), a China estava em 6º em matemática, 27º em Leitura e 10º em Ciências (e com o mesmo critério de só ter algumas cidades na avaliação)
3 – Em geral, os países do extremo oriente são obcecados por educação, por tirar 10 em todas provas. Vide Matemática, por exemplo, os 7 primeiros são do oriente.
4 – Nota-se também que a Estônia, um país pelo qual ninguém dá nada, aparece em boas posições nos três rankings. A Estônia deu um salto de modernização, com uma mentalidade bastante moderna e digital nos últimos anos. Fiquem de olho. (Obrigado ao Marcos Melo por notar isto).
5 – Não é surpresa para ninguém, mas abaixo dos orientais, temos os países europeus, Canadá e outros do primeiro mundo.
6 – O Brasil continua sendo um destaque negativo, nas últimas posições e até caindo em relação ao estudo de 2015. Nenhuma surpresa.
7 – Um grande destaque negativo é a Argentina. Outrora vista como o país mais culturalmente avançado da América Latina, hoje foi superado pelo Brasil (no Pisa 2015, estava à frente). Superado não é a palavra correta, na verdade, afundou mais do que o Brasil no quesito educação.
Dizem que um tango é um pensamento triste que pode dançar.
Estive alguns dias na Argentina. Buenos Aires é uma cidade lindíssima, com uma cultura fantástica. Com certeza é um destino turístico que vale a pena.
Foto: Teatro Colón
É uma cidade com ar nobre, porém, decadente… É como uma bela senhora rica
e culta, mas que perdeu a sua fortuna. (O oposto da China, que seria um
novo-rico com hábitos da época de escassez, como lutar com unhas e dentes por
cada centavo).
A foto ao fundo é a El Ateneo, uma antiga ópera transformada em livraria.
Mais ou menos como a livraria Cultura do Cine Vitória, no Rio de Janeiro (que
já fechou, diga-se de passagem). Buenos Aires tem diversas livrarias, teatros,
espetáculos de tango.
Foto: El Ateneo
O Porto Madero é uma região nova e bela, repleto de restaurantes. O Teatro
Colón é uma réplica de um teatro europeu, imponente, construído com muita
plata, como disse o taxista. A região da Florida, para fazer compras etc.
A cidade tem edifícios imponentes, monumentos, uma bela arquitetura, porém, ao mesmo tempo, são prédios nitidamente velhos, marcados pelo tempo. Também é comum ver mendigos na rua, mais ou menos como nas grandes metrópoles brasileiras.
Foto: Porto Madero
Tentei trocar reais por pesos argentinos no Brasil. Não encontrei casa de
câmbio, no Aeroporto de Guarulhos, que tivesse pesos. É moeda fraca. Moeda
fraca queima nas mãos, você deve passar para frente o quanto antes. É prejuízo
na certa, por conta da inflação.
Na Argentina, o preço de referência de itens caros, como imóveis, é
dolarizado. E, no comércio, eles aceitam dólares, o dólar vale ouro – turistas
devem ficar atentos à taxa de câmbio, é normal darem uma roubadinha.
O meu cartão de crédito não passou em vários lugares. Nem todo mundo lá
aceita cartão com chip. O sistema bancário brasileiro é avançado, no mundo.
Foto: Restaurante & Gala en el Tango
Carne e vinho e alfajores são o melhor da cidade. O argentino come muito, come bem, bebe muito, bebe do melhor vinho, nos melhores restaurantes e nas mais belas cafeterias que uma cidade pode oferecer. Eles têm alfajores espetaculares. Qualquer outra coisa, produtos industriais, roupas, tudo é mais caro e em menor variedade do que teríamos no Brasil.
Os sindicatos são muito fortes, e os próprios trabalhadores costumam se
mobilizar quando não acham a situação justa. O noticiário estava falando de
greve do metrô (chamado de Subte). O Uber também enfrenta problemas, por conta
da resistência dos taxistas. Já o Cabify funciona normal, eles conseguiram autorização
para operar.
Há cidades industriais que têm economia, mas não tem cultura (ex. Cubatão, quem tem dinheiro vai para Santos). Buenos Aires é o oposto, tem cultura, mas não tem economia.
A Argentina é um país enorme, com grande criação de gado, soja, trigo,
recursos naturais, população alfabetizada e culta. Já foi a sexta maior
economia do mundo, com padrão de vida comparável à Europa.
Muitas são as causas do declínio argentino: descontrole de gastos estatais, déficit
da previdência, inchaço do setor público, pouca produtividade da indústria,
populismo exacerbado, problemas que também conhecemos de perto. Outra razão é
que industrialmente foi superada por outros países, como o próprio Brasil e a
China (esta desindustrializou o mundo todo).
Com o país em recessão há 3 anos, Macri certamente vai perder, e a Kirchner, retornar ao poder. Provavelmente, ela vai adotar medidas de curto prazo, anestésicos que não vão resolver os problemas estruturais do país, e médio prazo os problemas voltarão à tona novamente.
Fica o alerta para o Brasil: gerar riqueza real, controlar gastos, proteger a sua moeda, criar um futuro para as próximas gerações.
Trilha cinematográfica: Perfume de mulher, tango “Por una cabeza”
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