Sempre gostei muito de livros, livrarias, bibliotecas. Muito me fascinou a concentração de conhecimento da humanidade espalhada em tomos esquecidos por corredores inumeráveis. Hoje em dia, os livros físicos estão obsoletos, dando lugar à Internet e AI.
O conto “A Biblioteca de Babel”, do escritor argentino Jorge Luís Borges, é delicioso de ler, envolvendo livros, matemática e criatividade – três tópicos que eu também aprecio.
Esta é uma biblioteca composta por salas hexagonais interligadas – como uma grande colmeia. Cada estande possui uma série de livros, cada livro com o mesmo formato: 410 páginas, com 40 linhas por página e 80 caracteres por linha. Borges conta que são utilizados 25 caracteres diferentes, e a biblioteca contém todas as combinações possíveis destes caracteres nos livros.

Interessante notar que o padrão hexagonal cobre o plano.

Disto, ele comenta que todos os livros já escritos e ainda por escrever, em todas as línguas, vão ter algum trecho em algum lugar desta biblioteca. Que haverão muitos livros praticamente iguais, porém com uma diferença pequena de um ou dois caracteres. E que a grande maioria dos livros é incompreensível, cheia de combinações de letras que não fazem sentido. Somente uma fração infinitesimal dos volumes contém textos coerentes, como histórias e explicações sobre o universo.
Vamos fazer algumas contas.
Em um livro, temos 410 páginas x 40 linhas por página x 80 caracteres por linha = 1.312.000 caracteres.
Número de livros distintos possíveis:
25^1.312.000 = 1,95*10^1.834.097
Note que é uma quantidade enormemente gigantesca de livros, porém, ainda assim, finita.
No meio desse mar de livros, os bibliotecários vivem em agonia existencial, tentando encontrar sentido — tal como os construtores do conto bíblico da Torre de Babel queriam alcançar Deus e ninguém conseguia falar a mesma língua.

Portanto, tanto conhecimento pode ser uma bênção ou uma maldição…
Site interessante, com um simulador de Biblioteca de Babel:
