O purgatório das provas de conceito

Provas de conceito são pequenos testes, que fazemos para testar uma nova tecnologia, ou um novo sistema. É como um aperitivo, uma pequena amostra, sem compromisso para necessariamente escalar e se transformar na solução principal da empresa. Exemplos diversos, válidos segundo o setor de atuação, mas para citar alguns: sensor de Internet das Coisas para monitorar umidade do solo; tecnologia de transmissão de dados via “rede mesh”; tecnologia de portal RFID (tecnologia consolidada, a dúvida era se o sinal era captado dentro de uma bobina de papel de 2 toneladas), etc.

Nos últimos anos, com o fortalecimento de setores de inovação nas empresas privadas, e também com incentivos governamentais, em geral ficou muito fácil realizar provas de conceito – pelo menos para as grandes empresas, que têm orçamento para bancar.

Mas da Prova de Conceito (doravante POC) para a realidade, ainda tem um gap enorme.

75% das provas de conceito industriais de inovação falham – estimativa baseada em conversa com pares do setor.

Alguns motivos:

– Falta de escala

– Falta de oportunidade de alavancagem

– Falta de perenidade da solução

– Foco das empresas em retornos de curto prazo

Este é o “purgatório das POCs”.

O “Purgatório das POCs”

Uma coisa é uma startup fazer um protótipo de um sensor, com peças impressas numa impressora 3D e componentes eletrônicos vindo da China. Outra coisa é produzir em escala, digamos 500 mil sensores com qualidade industrial.

Para tal, a startup necessita de alavancagem – uma quantidade de financiamento de entidades que realmente acreditam na ideia. Para aquelas que sem dúvida são promissoras, não há muito problema, porém, para aquelas que podem ser promissoras mas não é tão evidente, é muito mais complicado.

A perenidade é outra barreira. É muito legal e muito simples vender algo novo, porém, à medida que o tempo passa, o custo de manutenção da solução é capaz de se tornar proibitivo, se o trabalho não estiver muito bem embasado. Esse custo, quase oculto em termos de mão de obra despendida e manutenção, não é sexy, não vai causar frisson no ppt – é apenas custo, e por isso, é tão impactante.

Todas as empresas buscam fechar as contas com lucro. Para nenhuma delas, o objetivo é promover inovação a qualquer custo. As soluções existentes, com processos existentes, funcionam, de forma que é o desafiante que deve provar o seu valor, lutar uma luta ladeira acima.

Dificilmente uma POC sozinha vai se pagar, se não for olhada como um programa.

Algumas soluções discutidas, para sair do purgatório das POCs:

– Capacitar gestores e analistas em tecnologias da indústria 4.0

– Formar talentos, a fim de que gestores e analistas consigam enxergar aplicações além das imediatas

– Não fazer POCs apenas por hype, mas quando há oportunidade real de gerar valor

– Ter dedicação de pessoas ao tema

– Ficar atento a programas de incentivo à inovação e parcerias com universidades

O impacto virá em temas tão diversos quanto:

– Economia circular

– Transformação digital

– Biotech / Bioeconomia

– Digital Health

– Transição para energia limpa

Vamos trabalhar nos tópicos citados, e torcer para um futuro mais produtivo e sustentável!

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