Muito interessante a discussão de Virtù e Fortuna, a partir da obra de Nicolau Maquiavel (1469-1527).
“Fortuna”, no sentido de sorte, destino. A ideia vem da deusa romana da sorte, a Deusa da Fortuna.
E “Virtù”, está mais para habilidade, ações a fazer, não como a virtude que conhecemos. Envolve habilidade e trabalho no sentido bom do termo, mas, também tem um outro lado. A moral de Maquiavel é comumente resumida pela frase “Os fins justificam os meios”, e a “Virtù” pode até envolver atos desagradáveis como usar a força para conter uma ameaça ao Príncipe (lembre-se de que Maquiavel escrevia olhando o ponto de vista do poder). Para o resto do texto, vamos nos ater ao lado bom da Virtù.
A seguir, Maquiavel acrescenta que dependemos de 50% da Fortuna e 50% da Virtù. A Virtù é aquilo que podemos fazer a partir de nossa própria capacidade, e Fortuna engloba tudo o que está além de nosso controle.
Seria como numa partida de poker, a Fortuna seriam as cartas que recebemos neste jogo da vida, e a Virtù a capacidade de usar as cartas que temos na mão da melhor forma possível.
Às vezes, alguém pode fazer tudo errado, mas com o sorriso da Deusa da Fortuna, ainda assim alcançar resultado interessante. E, vice-versa, alguém pode fazer exatamente tudo certo, mas ficar sem receber o beijo da Deusa da Fortuna. É como num jogo de probabilidades.
Essa discussão também lembra, de certa forma, a noção de “Burro esforçado” e de “Gênio preguiçoso”. Devido à minha formação, acabei encontrando ambos os casos ao longo da minha vida. E, posso dizer, que já vi muitos burros esforçados superando gênios preguiçosos, a longo prazo. O melhor dos mundos é ter boas cartas vindas da Fortuna, e além disso, ser alguém extremamente estudioso e batalhador.
De qualquer forma, não temos acesso à poderosa Deusa da Fortuna. As cartas já estão dadas e não cabe lamentar o que está fora do nosso controle. A parte que nos cabe é apenas a Virtù. O que vejo é que, com trabalho duro, a longo prazo, e com juros compostos a favor, aumentam as probabilidades de seduzir a bela Deusa da Fortuna.
Alguns links:
Trilha sonora:
Soldiers of Fortune – Deep Purple
O livro “Thinking in Bets”, de Annie Duke, tem temática semelhante.
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