Hoje passei na frente da fábrica da Denso, em Santa Bárbara do Oeste, interior de SP. Eu estava indo para Piracicaba, falar de inovação e startups para grupo de alunos de um programa florestal.

A Denso é uma excelente referência de inovação. Um dos produtos desta empresa está presente no dia-a-dia de todos nós, o QR code (quick response code).

O QR code foi criado para resolver um problema interno: identificar as peças fabricadas de forma rápida, precisa e confiável.
Interlúdio: Crie o seu QR code aqui https://createqrcode.appspot.com.
A Denso é uma fabricante japonesa de peças para a Toyota. Os carros da Toyota são referência em termos de qualidade. Um Toyota não quebra, não tem peças soltas, não tem acessórios inúteis. Cada detalhe é pensado. Os carros têm um custo baixíssimo de manutenção e qualidade altíssima – e, assim como a Apple, a Toyota tem fãs incondicionais no mundo tudo (este escriba incluso). Tal padrão de qualidade se estende, obviamente, aos fornecedores de peças do carro.
E qual o problema com um código de barras comum? Daria para usar aquele código de barras dos produtos do supermercado?

Resposta: Não. O código de barras tradicional tem uma limitação de 13 caracteres. Só isso. Não dá para colocar muita informação em 13 caracteres…
A ideia dos engenheiros japoneses foi criar um código de barras bidimensional, a fim de maximizar a quantidade de informação presente na área da imagem. Os quadrados grandes concêntricos em três lados são a referência, para corrigir o ângulo da foto tirada.
Há alguns tipos de QR code. O mais comum, o de cima, tem espaço para 1167 caracteres. Ou seja, o QR code é um código de barras denso, para fazer um trocadilho infame.
Por fim, o QR code tem licenciamento aberto. Todo mundo pode usar sem pagar nada. A ideia pegou, e hoje dominou o mundo.
Mas, e daí? Qual a moral da história?
A moral da história é que uma empresa de peças criou um produto de tecnologia adotado no mundo todo. Não foi uma empresa de tecnologia, não foi uma startup badalada do Vale do Silício.
É permitido criar dentro da indústria. O core business não é só o produto final, mas o processo como um todo. Use a sua criatividade, o mundo precisa de soluções!
No Brasil, vejo uma “trava” cultural. Parece que os funcionários de grandes empresas não podem criar os seus próprios produtos e seus próprios modelos. A grande empresa prefere comprar soluções prontas de empresas terceiras e consultorias especializadas.
Vejo grandes engenheiros exercendo funções de burocratas nas grandes empresas. Quem permanece com a mão na massa, desenvolvimento de verdade, normalmente fica num nível técnico ou numa carreira “Y” que funciona em poucos casos.
Não é assim em todo lugar, porém é muito comum. Por que não mudar esta mentalidade? É possível criar muita coisa.
Provocação: por que uma indústria brasileira não é capaz de criar uma inovação mundial como o QR code?
Veja também: Make and buy
Ideias técnicas com uma pitada de filosofia:
Links:
https://www.qrcode.com/en/history/
https://www.qrcode.com/en/codes
https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo_de_barras
https://www.linkedin.com/feed/update/urn:li:activity:6502296859363590144/
Interessante!
Parabéns pelo blog.
Cheguei aqui pelo artigo sobre o megaminx e fui lendo outras matérias rs…
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