O costume brasileiro de chegar atrasado é uma das maiores fontes de improdutividade que conheço.
Um caso bem característico ocorreu comigo há poucos dias.
Fui convidado a representar a minha empresa numa reunião, com umas 15 outras empresas.
O horário do convite marcava início às 14:15h e fim às 16:30h. Obviamente, marcaram 14:15h para começar às 14:30h, sabendo que todo mundo chega atrasado mesmo.
O otário aqui chegou pontualmente às 14:15h, na verdade até uns minutos adiantado. Fui o segundo a chegar. Naquele momento, metade da própria equipe organizadora do evento ainda não tinha aparecido…
Os minutos do relógio foram passando. Às 14:30h as pessoas começaram a chegar de verdade, já que era óbvio que este era o horário desejado do início. E muita gente continuou a chegar.
Uns vinte minutos depois, quase 15h, finalmente o evento começou.
Teve uma apresentação dos organizadores, depois algumas rodadas de discussão. Falamos sobre 2 de 3 temas da pauta. Por volta de 17h, meia hora depois do combinado, os organizadores (será que merecem este nome?) deram o evento por encerrado, porque tinha gente com voo marcado, porque o tempo é curto para o tema, etc. Inclusive, algumas pessoas já tinham saído da reunião.
Das 3h em que estive presente, somente 2h foram aproveitadas para a finalidade do encontro, produtividade de 66%.
Se a maioria fosse organizada, o evento poderia começar e terminar nos horários combinados, e daria para discutir os três temas da pauta. A sinergia viria da sincronização de 100% dos esforços de 100% das pessoas no período de tempo combinado.
É justo mobilizar pessoas de vários cantos de SP e do país, para desperdiçar o curto tempo delas?
No Japão e em vários outros países de primeiro mundo, o costume é exatamente o oposto. As pessoas chegam adiantadas à reunião. Chegar atrasado é um desrespeito aos colegas. Começar atrasado é um desrespeito a quem está presente. Terminar atrasado é um desrespeito aos compromissos seguintes.
O grande Peter Drucker já dizia. Ou você se reúne, ou você trabalha.
Isso porque ele não conhecia o jeitinho brasileiro. Senão, ele diria, “Ou você se reúne, ou fica esperando as pessoas chegarem, ou você trabalha”.
Chegar atrasado é atraso de vida.