Castelo era um homem peculiar. E o javanês corporativo, uma linguagem curiosa.
Tudo começou quando, um dia, ele viu uma vaga de emprego no LinkedIn. Infelizmente, ele não entendeu nada do que estava escrito (VUCA, framework, LLM, unicórnio?), e estudou os termos na Internet. Logo se cansou, mas ainda assim, memorizou meia dúzia de termos. Ele reescreveu o currículo, dando uma pequena exagerada. Foi chamado para a entrevista e passou para vaga!

Ele tinha um cargo de liderança numa grande empresa, e logo notou que não precisava falar javanês corporativo de verdade, apenas precisava PARECER falar. Tinha um time de subordinados para quem delegar todas as tarefas, e desenvolveu sua própria estratégia.
- Nada fazia se não era demandado
- Quando demandado, prometia utilizar todas as técnicas de AI generativa, agentes inteligentes e LLMs para integrar os processos da empresa de ponta a ponta e gerar métricas confiáveis. No ano seguinte, usava o mesmo discurso, só trocando a tecnologia da moda (pipeline, design sprint, machine learning, blockchain)
- Se o chefe ou a alta liderança reclamasse, ele colocava a culpa no usuário: “não sabe usar, não sabe o que quer”
- Se os clientes da solução reclamassem, ele colocava a culpa no sistema: “muito lento, muito burocrático, faltam recursos”
- Se algum dos seus subordinados reclamasse, ele ou ordenava que ele se adequasse à realidade, ou prometia levar a requisição para tomada de decisão – mas nunca o fazia
- Os melhores do seu time foram embora, mas ele chamou isso de “oportunidade de adequação de custos”
Ao final de alguns anos na empresa, Castelo foi promovido, e o seu case de sucesso ganhou um prêmio nacional pelos impressionantes resultados alcançados!
Parabéns, você conheceu um fluente em javanês corporativo!
*Inspirado no conto de Lima Barreto
