O novo Papa Leão XIV, Robert Prevost, tem formação em matemática. E, pesquisando alguns papers, aparece o abaixo, entre outros. Este discute a prova de Deus a partir do Teorema de Bayes!

Já vi publicações dizendo que é ele, outras que não, é um homônimo. Seria muita coincidência, alguém com o mesmo nome, mais ou menos na mesma época, publicar sobre teologia matemática!

De qualquer forma, vamos dar uma analisada neste paper. Em geral, Prevost (o “papa”), critica tanto Swinburne quanto Mackie. Swinburne, um teísta, usou Bayes para provar a existência de Deus, Mackie, um ateísta, criticou o primeiro. E Prevost criticou ambos.

Não vou detalhar a lógica da Estatística Bayesiana aqui. Em resumo, parto de um prior P(A) (que pode ser até subjetivo), junto a novas evidências P(B|A) e normalizo pela probabilidade total P(B), para ter um update da probabilidade em minhas crenças, o P(A|B) – também chamado de posterior.

1.Richard Swinburne – Usa o Teorema de Bayes para justificar racionalmente a crença em Deus.

Prior: Deus é a explicação mais provável para a existência e ordem do universo. Se Deus existe, há grande chance de criar universo com ordem. Se não existe, a chance é baixa

Evidência cumulativa: Swinburne usa o Teorema de Bayes para argumentar que múltiplas linhas de evidência (ordem do universo, consciência, moralidade, milagres, etc.) tornam a hipótese da existência de Deus mais provável.

Probabilidade condicional: A probabilidade de que Deus exista aumenta quando se leva em conta a evidência observada, comparada à hipótese alternativa de um universo ateísta.

Se Deus existe, Ele criou um universo ordenado. Se não existe, a chance de ter criado um universo ordenado seria muito menor. A cada nova evidência de ordem no universo, tenho mais chances de que haja Deus.

2. L. Mackie – Crítica ao Teísmo e ao Uso de Bayes

Mackie oferece uma crítica profunda ao teísmo e aos argumentos baseados em probabilidade.

Principais críticas:

Subjetividade na escolha de priors. Atribuir probabilidade prior à existência de Deus é altamente subjetivo.

O problema do mal como uma contradição lógica com a existência de um Deus onipotente e benevolente.

Há explicações alternativas para a ordem (evolução, entropia).

3) Robert Prevost (o “papa”): meio-termo entre a fé e a racionalidade, e discute o uso do Teorema de Bayes na teologia.

Bayesianismo moderado: Prevost aceita que o Teorema de Bayes pode ser útil para avaliar a racionalidade da fé, mas alerta para os limites subjetivos na atribuição de probabilidades

Ele defende que a fé pode ser sustentada por evidências, mesmo que não seja provada com certeza.

No final das contas, mais criticou os anteriores do que propôs nova abordagem…

Além desta discussão, há na história da Filosofia uma série de argumentos provando e desprovando a existência de Deus. Seguem algumas:

A causa inicial

Tomás de Aquino: A causa inicial. Todo movimento tem uma causa, qual a causa inicial? É Deus.

Crítica: Precisa ter uma causa inicial? E há explicações outras possíveis (física).

O relojoeiro

William Paley: se eu encontrar um relógio, é porque teve um relojoeiro. Como explicar coisas tão complexas como o ser humano, sem um projetista supremo? Ele é o “relojoeiro dos relojoeiros”.

Críticas: evolução e ciência podem explicar muita coisa, e o universo tem falhas, não é perfeito.

O Deus de Espinoza

Pegue o universo, a natureza, e chame isso de Deus. Aí Deus existe porque o universo existe.

Críticas: Um Deus assim seria pouco útil: não adiantaria rezar, por exemplo. Seria indistinguível das Leis da Física…

O problema do mal: Se Deus é benevolente, porque ele permite que o mal exista?

A aposta de Pascal

Tanto faz provar se existe ou não.

Você deve apostar na existência de Deus porque, se Ele existir, o ganho é infinito — e se não existir, a perda é pequena.

Crítica: É desproporcional infinito x 80 anos. E qual dos Deuses é o correto? E o custo não é zero, o custo é a sua vida atual.

Conclusão.

No debate eterno para a prova de Deus x críticos, nem a Estatística clássica nem a bayesiana podem ajudar!