O poder de um Deus nas mãos humanas: o CRISPR

O CRISPR (pronuncia-se “crisper”) é uma das revoluções de maior impacto potencial das últimas décadas.

Esta é uma técnica para fazer edições precisas no genoma de um organismo. Criar um rato com olhos vermelhos? Desativar um gene de propensão a câncer de mama? Trigo superprodutivo, com vitaminas e resistente a parasitas? Criar novas espécies? Esse tipo de sonho passa a ser possível com o Crispr.

Na verdade, o objetivo deste post é recomendar o mais recente livro de Walter Isaacson, chamado “A Decodificadora”.

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Isaacson é famoso por escrever a biografia de Steve Jobs (um livro fantástico, vide aqui https://amzn.to/3RAe4Qo), de Albert Einstein e de Benjamin Franklin.

Devido ao potencial disruptivo do Crispr, ele escreveu a história da descoberta do mesmo. O livro é centrado em Jennifer Doudna, uma das pioneiras desta técnica.

Isaacson inicia com conceitos de genética, passando pela descoberta do DNA. Hoje em dia, a descoberta da misteriosa estrutura em dupla hélice do DNA é atribuída à dupla James Watson e Francis Crick, em 1953. Poucas menções à injustiçada Rosalind Franklin, cujos trabalhos em raio-X foram “roubados” pela dupla acima e permitiram as descobertas citadas (há controvérsias).

De qualquer forma, Rosalind Franklin foi uma das inspirações para Jennifer Doudna.

O CRISPR significa Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats.

O “palindromic repeats” é literalmente um palíndromo: abcde e edcba. “Socorram me subi num ônibus em Marrocos”. O estranho é que os cientistas descobriram padrões palindrômicos em códigos de DNA (que nada mais é do que uma linguagem de programação genética). Início do palíndromo, trecho de código, fim do palíndromo (mais ou menos como < p > Parágrafo < / p > em html) – daí o “regularmente espaçado”.

Na eterna batalha entre vírus e bactérias, como uma bactéria pode armazenar informações sobre algum vírus? Uma forma é incorporar parte do DNA do vírus em seu próprio DNA. E como fazer isso? Utilizando uma “tesoura” de genes, chamada CAS9. E como localizar precisamente os locais a cortar? Com o Crispr, mesma técnica que localiza os palíndromos.

Nem tudo são flores, e o livro mostra a corrida intelectual para chegar primeiro ao desenvolvimento da técnica, guerra de egos e patentes entre cientistas, quase que espelhando palindromicamente o conflito pela descoberta do DNA.

Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna ganharam o Prêmio Nobel de Química de 2020, pelas contribuições no desenvolvimento do Crispr.

Figuras ilustrando Crispr, imaginadas pelo Dall-E.

Para saber mais, os links a seguir têm infográficos explicando o Crispr e muito mais informações.

https://www.newscientist.com/definition/what-is-crispr/

https://www.theguardian.com/science/2015/jun/23/sexism-in-science-did-watson-and-crick-really-steal-rosalind-franklins-data

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