Vender livros e itens usados é uma forma interessante de conseguir uma pequena receita a partir de itens já depreciados.
Confira algumas reflexões neste post.
Sobre livros físicos
As antigas livrarias já morreram faz tempo. Só faltam alguns pregos no caixão. Apenas algumas voltadas a nicho e e-commerce estarão vivas no futuro.
Os livros físicos também perderam muito do valor que um dia já tiveram. Se, antigamente, eram a única forma de transmitir informação, hoje em dia há inúmeras alternativas: livros digitais, resumos feitos em blogs, análises em podcasts e youtube, áudiolivros… Embora livros físicos ainda tenham algumas vantagens, são em geral mais caros, e perdem em conveniência para as alternativas.
Tenho uma biblioteca particular com cerca de 700 livros, fruto de algumas décadas de leitura voraz sobre inúmeros tópicos.

Diante da situação exposta, decidi: 1) Zerar a compra de novos livros físicos, optando pelas alternativas; 2) Vender metade do acervo que tenho, enquanto ainda têm valor e para liberar espaço em casa.
Em geral, penso em ficar somente com livros técnicos (matemática, algoritmos), de filosofia, e alguns que minhas filhas possam utilizar no futuro.
Faz uns quatro meses que estou utilizando o Mercado Livre e a Amazon, já tendo vendido uns 50 livros no total.
Sobre lucro
São livros que comprei como novos, já li e estão sofrendo o efeito do tempo. Estou vendendo como usados, portanto existe um deságio justo. Digamos, se comprei a R$ 80,00, no máximo dá para vender a R$ 70,00, se estiver em bom estado.
Alguns poucos livros raros eu cobrei até mais caro do que o valor de compra, mas são exceção. O mercado é quem manda. Se houver muita oferta, o preço vai cair, inevitavelmente. Se só eu estiver vendendo, o que é muito incomum, dá para subir o preço.
Gosto de pensar que o lucro é zero. Em geral, o preço de venda é menor do que o preço que paguei. O ganho real é o conhecimento adquirido, que ajudou a formar quem sou hoje.
O meu objetivo é repassar os livros para alguém que vai utilizá-los bem. É melhor do que simplesmente jogar fora. Outra boa opção é doar para algum sebo ou instituição.
Exemplo. Anúncio meu do livro “Os botões de Napoleão”, em https://www.amazon.com.br/gp/offer-listing/8571109249/ref=tmm_pap_used_olp_0?ie=UTF8&condition=used

Para ter algum lucro, é necessário obter o produto a um preço baixo (comprando por atacado ou direto da fábrica, ou importando, ou produzindo). O preço de venda vai ser oferta e demanda puros, capitalismo selvagem. Preço baixo aumenta a tendência de vender, preço mais alto que concorrência é quase certo que não vai vender.
Sobre usabilidade
Para incluir um novo livro, é muito mais simples utilizar a Amazon do que o Mercado Livre. Pela Amazon, basta procurar o livro, preencher o estado do mesmo (novo, usado em boas condições, etc), e estabelecer o preço.

Pelo Mercado Livre, tenho que preencher todas as características do livro, colocar uma foto e outras descrições.
São uns 6 cliques para cadastrar um livro pela Amazon, enquanto são uns 20 cliques, foto e descrições pelo Mercado Livre.
A taxa do Mercado Livre é menor, uns 10%, enquanto a Amazon cobra mais caro, uns 20%. Porém, devido à facilidade, e como o meu foco não é ter lucro, acabo usando mais a Amazon que o Mercado Livre.
Também tenho a impressão que o marketplace da Amazon é mais poderoso que o do Mercado Livre, mas é só percepção, não um experimento robusto.
Sobre o trabalho
Demoro uns 2 min para cadastrar um produto, que fica exposto no site da Amazon.
Recebo um e-mail sempre que algum livro é vendido.
Embalar e enviar pelo correio, terceirizo com a minha esposa, mas não é nada complicado.
Como já tenho os produtos, é só pegar na biblioteca, mas no caso geral, também tem o trabalho de comprar e gerenciar o inventário.
Sobre os compradores
Já enviei os livros para pessoas de todos os cantos do Brasil. Campinas, Feira de Santana, Porto Alegre. Teve um que era a alguns quarteirões de casa.
Esse tipo de match nunca iria ocorrer sem um marketplace. Como eu saberia que exatamente aquela pessoa de Piracicaba iria comprar um livro sobre “O poder do Mito” que eu tinha em estoque? Nunca.
Sobre avaliações e reclamações
Como confiar numa pessoa desconhecida? Esse foi um dos grandes desafios do comércio eletrônico no passado. Uma forma eficaz de trabalhar isso é através de avaliações.
Os compradores avaliam o serviço dos vendedores. Quem tem melhor avaliação é mais confiável, menor o risco.
Hoje, as pessoas estão muito mais acostumadas a fazer transações pela internet.
Um efeito dessa segurança é que quase ninguém faz avaliações. Se a compra é boa, ok, simplesmente o comprador não faz nada, porque ele gastaria muito tempo avaliando todas as compras que fez. Eu mesmo, só avalio de vez em quando algum pedido no iFood, por exemplo.
Desse tanto de vendas realizadas, tive apenas uma avaliação positiva pela Amazon, e uma pelo Mercado Livre.

De reclamação, só um que reclamou da demora do pedido (culpa dos Correios, que estavam em greve). Em geral, as pessoas são justas e entendem os problemas.
Poder do marketplace
A margem da Amazon é alta, porém, o sistema é muito bom, olhando como usuário. O site lida com a divulgação, pagamento, reembolso, e deposita o valor na minha conta. Tem um sistema de inventário simples mas efetivo, e relatórios diversos. As regras são transparentes, o que é bom.
A Amazon concorre consigo mesma, porque ela também vende livros. Ao colocar livros de diferentes vendedores para concorrer com ela mesma, ela quer dar opções e agregar o máximo valor possível ao usuário.
O outro lado da moeda é que a Amazon fica com todo o poder.
Isso se traduz em alguns pontos:
- Eu não tenho uma loja no site da Amazon
- Não tenho informação sobre a demanda e concorrentes
- Tenho pouquíssimo contato com os clientes. Dá para trocar algumas mensagens, mas sem acesso ao e-mail ou celular do comprador, e sempre com a Amazon de olho para ver se a gente não passa a perna nela
Ou seja, a fidelidade do cliente é com a Amazon, que lhe permitiu fazer uma boa compra a um bom preço. A fidelidade não é entre o comprador e o vendedor. Na próxima compra, ele vai procurar a Amazon, não a mim. Isso não faz a menor diferença, no meu caso, mas é um fator importante para uma loja comercial de verdade, por exemplo.
Para o comprador, o vendedor é tão commodity quanto o produto.
E se eu montar um marketplace?
Ser apenas um vendedor não escala, já sendo o marketplace, sim. Cada comprador e cada vendedor a mais aumentam o poder do mercado, exponencialmente.
Se o poder está todo com o marketplace, porque não montar um?
Um site que envolva compradores e vendedores, sobre um tema, digamos, livros para crianças?
Primeiro, tem as barreiras técnicas: como montar o site, como lidar com pagamentos, segurança da informação, etc.
Mas o mais pesado é o efeito Winner-takes-all. Somente alguns poucos marketplaces vão vencer, e todos os outros serão perdedores. Essencialmente, o meu marketplace iria concorrer com a Amazon, que faz promoções, tem o Prime Video, Prime Music, oferece inúmeras outras vantagens porque sabe que vencer a guerra do marketplace é muito mais importante do que vencer a batalha de uma pequena venda.
É briga de cachorro grande. Além do próprio Mercado Livre, há o Magazine Luiza, as Americanas e muitos outros grandes surgindo. Não cheguei a testar esses outros, mas em geral a concorrência entre marketplaces devolve um pouco do poder aos vendedores.
Como se cadastrar como vendedor?
Procurar instruções nas páginas seguintes:
https://sellercentral.amazon.com.br
https://www.mercadolivre.com.br/
Obs. O programa de associados da Amazon é uma forma de remunerar recomendações e não tem relação alguma com o mercado de vendas.
Conclusão
É relativamente fácil vender produtos pela internet hoje em dia. Marketplaces como a Amazon e o Mercado Livre são poderosos. E há uma boa probabilidade de fechar negócios, se o preço não for muito mais alto que a concorrência, e se houver demanda.
Este é um bom método para se livrar de produtos que não queremos mais (e que estão em boa condição), e até para criar um pequeno negócio, por que não?
Outras ideias, favor deixar nos comentários.
Ideias técnicas com uma pitada de filosofia
Outro ponto que esqueci de comentar. Estou no marketplace da Amazon como pessoa física. Não é necessário CNPJ, nem nada assim.
CurtirCurtir