Coma não-comida para salvar o mundo da aniquilação total*

Hoje fiz um teste com o Not Milk. Pedi para as minhas filhas experimentarem, falando que era leite com chocolate normal…

O Not Milk é um leite feito à base de plantas, com o propósito de ser muito parecido com o leite normal.

Com o mesmo espírito, há um punhado de startups desenvolvendo carne, frango, sorvete, maionese, tudo à base de vegetais.

Pergunta: Como alimentar um planeta com quase 8 bilhões de pessoas, sujeito à mudanças climáticas e fatores socioeconômicos imprevisíveis?

Algumas respostas: aumentando a produtividade das plantações. Melhorando a logística de distribuição. Trocando a matriz de alimentação.

Trocar a matriz de alimentação é especialmente interessante. Uma vaca tem que viver uns 3 anos para o abate. Ou o gado ocupa uma área de pastagem gigantesca, ou é alimentado com ração, sendo soja o principal componente. Para produzir a soja, o produtor deve ocupar largas extensões de um terreno fértil, num lugar que tenha sol e chova bastante. Basta um passeio de carro no Paraná para visualizar centenas de quilômetros de plantações de soja.

E se as pessoas consumirem diretamente a soja, ao invés da carne do gado que consumiu a soja?

O problema é que carne de soja é ruim. Horrível. Enquanto o churrasco é unanimidade nacional, não conheço uma pessoa que seja fã de carne de soja.

É aí que entram startups como a NotCo, Fazenda do futuro, Impossible Foods… Desafio: produzir carne de vegetais indistinguível de carne normal. Leite de plantas indistinguível de leite de vaca. Tudo isso a custo acessível.

A carne vegetal apresenta 90% a menos de emissão de gases, consumo de água e ocupação de terra, segundo a fonte https://www.labcriativo.com.br/creative-life/analise-compara-o-impacto-ecologico-da-carne-vegetal-com-o-da-carne-bovina/

Hoje, em 2020, elas já deram um avanço impressionante. O Not-Milk é fabricado no Brasil, e encontrei a caixinha num supermercado perto de casa.

O preço do not-milk: R$ 16,00 o litro, contra R$ 4,00, o leite comum. Ainda caro, 4 vezes o preço da solução tradicional.

As não-comidas hoje ocupam um espaço de nicho. Potenciais consumidores hoje são pessoas alérgicas, defensores dos animais ou quem está numa dieta específica.


Resultado do teste do Not Milk

  • Minha filha mais nova (3 anos), gostou e até pediu mais (talvez por ter paladar menos apurado nessa idade)
  • As filhas de 5 e 9 anos odiaram

O Not Milk tem um gosto meio leite de soja, meio alguma coisa aguada. É esquisito ainda.

Provei um burguer vegetal há uns meses atrás. Tinha gosto de um hambúrguer ruim. Fosse um teste cego, não daria para dizer que é vegetal, mas não chega perto de um bom sanduíche do Madero, por exemplo.

Ainda há muito a evoluir.

Algum evento extremo (frio, calor, pragas, meteoro) futuro pode mudar o equilíbrio do balanço alimentar atual, e acelerar a adoção de não-comidas como uma alternativa.

Potencialmente, as não-comidas podem ganhar uma escala gigantesca, abocanhar uma fatia bilionária do mercado alimentício, serem mais baratas e ainda ajudar a preservar os recursos de nosso planeta. Vamos torcer para que eles realmente consigam atingir esses objetivos!

*Desculpe o título dramático. É só para chamar atenção, click-bait total.

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