Mais ou menos em 2009, quando Eike Batista estava no auge, eu li o livro dele, chamado “O X da questão”.
Conta a historinha básica da vida de todo vencedor: que começou cedo, começou vendendo de porta em porta, etc. Este tipo de biografia é sempre enviesado a puxar a sardinha para o lado do biografado. Até aí, tudo bem.
Achei o livro interessante. Mas tinham dois itens que me incomodaram bastante.
O primeiro: ele citou que o controle de risco incluía desistir da “mão-podre” antes que contaminem o resto, ou seja, abandonar projetos que fracassaram sem dó nem piedade. Pensei: Mas e os tantos acionistas minoritários que entraram junto nesta empreitada, vão ficar com o prejuízo? Anos depois, a resposta: vários negócios foram vendidos, dívidas foram convertidas em ações, credores assumiram empresas, minoritários foram diluídos em 90%…
O segundo ponto que me incomodou muito foi a tal “Visão 360 graus”. É a filosofia dele que dizia que tinha que se preocupar com TODOS os aspectos à sua volta: logística, economia, jurídico, engenharia, etc. Em resumo, olhar para todos os lados, estar preparado para se defender de tudo. Parece bonito, mas é uma típica bravata de valentão querendo se impor na força.
Lembrei imediatamente de Sun Tzu, o estrategista autor da Arte da Guerra. “Se o inimigo se defender à direita, ele estará vulnerável à esquerda, se ele se defender à esquerda, estará vulnerável à direita. Se ele se defender em todos os pontos, estará vulnerável em todos os pontos”.
Não é possível ao ser humano estar atento a tantas direções ao mesmo tempo.Ele deve focar naquilo que sabe bem, e contar com alianças com outras pessoas naquilo que estes têm de melhor. Deve fazer o básico, o arroz com feijão primeiro, para depois construir os outros aspectos relevantes. Afinal, de que adianta um poço de petróleo com marketing, engenharia, portos, navios, advogados, cientistas da computação, etc, se o poço não tem petróleo?
Republicou isso em Estratégias Chinesas e a Arte da Guerra.
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