Cola e Disciplina Consciente

O maior aprendizado que tive no glorioso Instituto Tecnológico de Aeronáutica não foi em relação às aulas de Cálculo, nem Álgebra Linear, muito menos algum teorema da Física. Na verdade, foi uma atitude: a Disciplina Consciente.

No ITA, ninguém cola. NINGUÉM. Faz parte do código de honra dos alunos, desde o primeiro dia em que os calouros (bixaral) chegam, reforçar a Disciplina Consciente. É preferível reprovar sem colar do que passar colando.

A confiança é uma via de mão dupla. Também vinha dos professores. Tínhamos provas onde o professor ia embora, deixava a gente na classe sozinhos, e só falava para colocarmos os testes num envelope. Tinha prova para fazer em casa, no fim de semana, sem consulta.

Acontecia um ciclo positivo: se ninguém cola, você também não vai colar. O oposto ocorria no colégio ou em outras escolas: como todo mundo cola, você também é quase forçado a colar.

No final das contas, colar é ruim para a instituição, porém é pior ainda para o aluno!

Errar, pelo processo correto, é melhor do que acertar por um caminho incorreto.

O mundo é mais rico se eu tiver as minhas próprias ideias, assumir os meus acertos e erros sem precisar dar um jeitinho. Ainda mais nos dias de hoje, com as AIs dominando os assuntos clássicos, precisamos mais e mais, desesperadamente, do gênio humano legítimo para obtermos respostas criativas e inovadoras.

Tenho extremo orgulho em dizer que, nos 5 anos de engenharia de uma das escolas mais difíceis do Brasil, não vi um único caso de cola.

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