Três histórias do que não fazer em suas análises

Não despreze o conhecimento do negócio

Uma das analistas do time estava estudando se os descontos estavam impulsionando vendas, uma típica análise de elasticidade preço-demanda, num certo negócio.

Ela comentou os descontos estavam na ordem de R$ 10 bilhões.

Retruquei na hora que tinha alguma coisa muito errada nos números. Porque o faturamento desta unidade era da ordem de R$ 7 milhões, não tinha como o desconto ser de R$ 10 bi!

Vasculhando a causa do problema, ela descobriu que era no item “Frete grátis” das promoções. Alguns dos fretes constavam como “9999999”, o que era claramente um problema de informação.

Não confie puramente nos dados, tente entender o negócio, correlacionar informações outras e fazer checagens em suas informações.

Tendência à complexidade

Para ilustrar que naturalmente tendemos à complicar do que a simplificar.

Num certo modelo que estavámos tentando melhorar, surgiu a ideia de testar mais uma variável causal, o que pareceu uma boa sugestão.

Só que, correndo atrás da informação, descobrimos que tal variável só constava em poucos SKUs, por conta de ser uma variável de laboratório.

A sugestão de um dos membros do time foi a de fazer um modelo para projetar tal variável a partir de outras características.

Achei complicado demais, por conta de estarmos criando um modelo para ser input de outro modelo. Vai acumular erros, e erro em cima de erro nunca é bom. O ganho não seria significativo a ponto de justificar tanta complexidade.

Sempre tendemos a complicar, é quase natural. Portanto, sempre use o princípio da Navalha de Occam: entre duas soluções, escolha sempre a mais simples.

Já dizia Steve Jobs: a simplicidade é a maior das sofisticações.

O vendedor que só falava com o Diretor

Participei de reunião com um representante comercial de um software, que tinha um comportamento peculiar. Ele só falava com o Diretor. Nenhuma das outras pessoas presentes à reunião parecia importar. Ele mal olhava para os outros, muito menos dirigia a palavra.

Tal comportamento é um erro, pois o pessoal técnico também tem peso, e grande, na decisão. Além disso, as cadeiras mudam, e, quem sabe, algum dos desprezados de hoje seja o diretor de amanhã.

Recomendação: não faça isso. Não olhe apenas para o cargo, olhe para as pessoas. O filósofo Immanuel Kant já dizia isso, em seu segundo imperativo categórico: olhe para as pessoas como o fim, e não como um meio.

Lembra o conto do Esopo, onde um burro carregava uma estátua de um deus. Por onde passava, o burro era venerado pelos cidadãos. Porém, o que era venerado não era ele, e sim, a estátua.

Um comentário sobre “Três histórias do que não fazer em suas análises

  1. Muito legal, Arnaldo!

    No tempo que eu trabalhava em empresa, percebi o quanto é rico poder olhar de perto cada pessoa em cada contexto. A visão do diretor não é melhor nem pior que do ajudante. Dentro de cada atividade há pessoas incríveis que atingiram um nível de excelência e domínio incríveis no que fazem. Isso, além de ser magnifico do ponto de vista humano, tem um potencial enorme de agregar positivamente no negócio, desde que as pessoas sejam incluídas e escutadas.

    Abraços!
    JP

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