Um trabalho ruim é menos demandante do que um trabalho bom, talvez uns 50% a menos – em termos de qualidade de materiais, esforço, tempo de projeto e know how das pessoas envolvidas.
Entretanto, o trabalho bom vai atingir os seus objetivos com maior acurácia e durar muito mais tempo.
Enquanto isto, o trabalho ruim vai ter que ser refeito, na melhor das hipóteses, ou completamente descartado, retornando à estaca zero.
O trabalho ruim certamente sairá mais caro no final, contando o ciclo de vida inteiro, e não apenas o esforço inicial.
Ação: Faça o melhor trabalho possível, não importa o quão pequeno ele seja.
Gosto muito das palavras de Peter Drucker, sobre a busca obstinada da perfeição em seus trabalhos. Ele conta a história a seguir.
Fídias foi o maior escultor da Grécia Antiga, responsável por obras que ainda hoje estão no teto do Parthenon, em Atenas, e são consideradas as maiores esculturas da tradição ocidental.
As estátuas foram admiradas universalmente, mas quando Fídias apresentou a conta, o contador da cidade se recusou a pagá-la. “Estas estátuas estão no alto do templo, e no monte mais alto de Atenas. Ninguém pode ver nada, exceto a parte frontal dela. Entretanto, você está cobrando pela escultura toda, ou seja, por esculpir a parte de trás, que ninguém pode ver”.
“Engano seu”, Fídias retorquiu. “os Deuses podem vê-las”.
Trecho de “O melhor de Peter Drucker: homem, sociedade, administração”
Em complemento ao post anterior, seguem três boas dicas de obras audiovisuais sobre o Brasil Império.
Carlota Joaquina, a princesa do Brasil. Filme de Carla Camurati, produzido em 1995. É um filme bastante divertido, com Marieta Severo e Marco Nanini. É engraçado ver esses atores jovens, para quem estava acostumado com a atuação de ambos no seriado “A Grande Família”.
D. João, indeciso, covarde e corno, decidiu pela para o Brasil em 1808 – nunca iria resistir ao grande Napoleão Bonaparte. Porém, D. João era sábio a seu modo. Com ele, o Brasil em 13 anos sofreu mais transformações do que nos 300 anos anteriores.
Carlota Joaquina, a espanhola irascível, fogosa, volúvel, odiava o marido (e vice-versa), tentando alguns golpes de estado durante sua vida.
D. Pedro I, hiperativo, aventureiro, garanhão voraz sexualmente, foi aquele que deu o Grito da Independência montado num burro (e não num belo alazão, como o quadro de Pedro Américo).
Por fim, a Imperatriz Leopoldina, culta, educada, sensível, porém sem beleza física alguma, sofreu muito em meio à corte portuguesa. É lembrada com carinho pelo povo tanto do Brasil quanto de Portugal.
Indico três bons livros sobre História do Brasil: 1808, 1822 e 1889.
Foram escritos por Laurentino Gomes, e contam de forma divertida e leve os acontecimentos das respectivas épocas.
O brasileiro em geral não conhece muito da própria história.
A História do Brasil é rica, porém curta, do ponto de vista econômico. Antes de 1800, era apenas uma colônia, com pouquíssima produção cultural e intelectual, e economicamente só fazia negócios (ou melhor, era explorada), por Portugal. Para se ter uma ideia, na São Paulo da época não havia moeda corrente, o comércio era feito na base do escambo. Rio de Janeiro tinha apenas 60 mil habitantes, a imensa maioria era analfabeta.
A
história econômica do Brasil começa mesmo em 1808, com a chegada da
família real, abertura dos portos, elevação de status à condição de
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, abertura do Banco do Brasil,
etc…
Desde então, foram 200 anos de imensas transformações políticas, culturais e sociais, que ajudam a explicar muito do Brasil atual.
Reflexão Final: desde 1808 são apenas 190 anos até os dias de hoje. Sendo que eu tenho 40 anos, dá para dizer que vivi 1/5 da história do Brasil!!
O grande Peter Drucker pontua sete grandes fontes de inovação sistemática, em seu livro “Inovação e espírito empreendedor”.
1. O Inesperado – o sucesso inesperado, o fracasso inesperado, o evento externo inesperado
2. A Incongruência – entre a realidade como ela é de fato, e como se esperava que ela fosse
3. Necessidades do processo
4. Mudanças na estrutura do setor industrial
5. Mudanças demográficas
6. Mudanças em percepção, disposição e significado
7. Conhecimento novo, nova tecnologia
Um
exemplo de inovação vindo do inesperado: tentando criar uma supercola, o
pessoal da 3M criou o inverso, uma cola que descolava facilmente. Ao
invés de jogar fora o experimento, como fariam quase todas as outras
empresas, criaram o Post-It!
Para fechar, nada melhor do que a frase de Lois Pasteur: “O acaso favorece a mente preparada”.
Hoje passei na frente da fábrica da Denso, em Santa Bárbara do Oeste, interior de SP. Eu estava indo para Piracicaba, falar de inovação e startups para grupo de alunos de um programa florestal.
A Denso é uma excelente referência de inovação. Um dos
produtos desta empresa está presente no dia-a-dia de todos nós, o QR code (quick
response code).
O QR code foi criado para resolver um problema interno:
identificar as peças fabricadas de forma rápida, precisa e confiável.
A Denso é uma fabricante japonesa de peças para a Toyota. Os
carros da Toyota são referência em termos de qualidade. Um Toyota não quebra,
não tem peças soltas, não tem acessórios inúteis. Cada detalhe é pensado. Os
carros têm um custo baixíssimo de manutenção e qualidade altíssima – e, assim
como a Apple, a Toyota tem fãs incondicionais no mundo tudo (este escriba
incluso). Tal padrão de qualidade se estende, obviamente, aos fornecedores de
peças do carro.
E qual o problema com um código de barras comum? Daria para
usar aquele código de barras dos produtos do supermercado?
Resposta: Não. O código de barras tradicional tem uma limitação de 13 caracteres. Só isso. Não dá para colocar muita informação em 13 caracteres…
A ideia dos engenheiros japoneses foi criar um código de
barras bidimensional, a fim de maximizar a quantidade de informação presente na
área da imagem. Os quadrados grandes concêntricos em três lados são a
referência, para corrigir o ângulo da foto tirada.
Há alguns tipos de QR code. O mais comum, o de cima, tem
espaço para 1167 caracteres. Ou seja, o QR code é um código de barras denso,
para fazer um trocadilho infame.
Por fim, o QR code tem licenciamento aberto. Todo mundo pode
usar sem pagar nada. A ideia pegou, e hoje dominou o mundo.
Mas, e daí? Qual a moral da história?
A moral da história é que uma empresa de peças criou um produto de tecnologia adotado no mundo todo. Não foi uma empresa de tecnologia, não foi uma startup badalada do Vale do Silício.
É permitido criar dentro da indústria. O core business não é só o produto final, mas o processo como um todo. Use a sua criatividade, o mundo precisa de soluções!
No Brasil, vejo uma “trava” cultural. Parece que os funcionários de grandes
empresas não podem criar os seus próprios produtos e seus próprios modelos. A
grande empresa prefere comprar soluções prontas de empresas terceiras e
consultorias especializadas.
Vejo grandes engenheiros exercendo funções de burocratas nas
grandes empresas. Quem permanece com a mão na massa, desenvolvimento de
verdade, normalmente fica num nível técnico ou numa carreira “Y” que funciona em
poucos casos.
Não é assim em todo lugar, porém é muito comum. Por que não
mudar esta mentalidade? É possível criar muita coisa.
Provocação: por que uma indústria brasileira não é capaz de criar uma inovação mundial como o QR code?
Mas o que são morangos poliploides? Algum tipo bizarro de morango mutante com superpoderes? Sim, isso mesmo.
Lamento dizer que os morangos poliploides já invadiram a Terra, e já fazem parte do nosso cotidiano. São os morangos enormes, doces e cheirosos que compramos na feira e no mercado. O seu superpoder é ser obeso, muito mais do que o morango comum.
Esta história começou com o meu amigo Marco Figura. Ele comprou sementes de morango e as plantou em seu quintal, num passado não muito distante. Os morangos, porém, deram frutos mirradinhos, sem graça, sem cheiro nem textura do morango “normal”.
Ele ficou sabendo que os seus morangos esquisitos eram diploides, e que para serem grandes e suculentos como os do mercado, deveriam ser poliploides. Como o Marco é alguém muito inteligente, imediatamente notou a incoerência. “Como assim, é óbvio que são diploides. Todos os seres que conheço são diploides”.
Explicação para nós, não tão técnicos: em nossas células, temos dois cromossomos, um do pai e outro da mãe. Por isso, somos diploides. Um gene é como se fosse uma receita (digamos, como pintar a cor dos olhos). Os genes ficam juntos num cromossomo. Cada cromossomo é como se fosse um livro. A biblioteca inteira de livros é chamada de DNA.
Os mamíferos são diploides. Via de regra, os animais são diploides. Entretanto, o poliploidismo pode ocorrer com mais frequência em plantas.
No caso do morango, tem-se tipos com quatro, oito, dez cromossomos, por exemplo.
Alguns pesquisadores especulam que o poliploidismo tem correlação com o tamanho. Imagine assim. Cada célula tem que carregar a biblioteca inteira do DNA. Se a biblioteca tem 16 vezes o tamanho, a célula como um todo tem de ser maior. Isto, para cada célula! Daí o gigantismo dos frutos.
É lógico que não há almoço grátis no mundo real. Para cada causa, há uma consequência. A desvantagem de ser poliploide é que a espécie torna-se “pesada”, mais difícil de evoluir, e portanto, mais fácil de ser extinta. Afinal, esta tem que trocar 4, 8, 16 cromossomos para mudar alguma característica evolutiva.
Se já tenho dois cromossomos de informação para fazer a mesma receita, para que preciso de 16? É uma redundância, um desperdício de recursos. A planta gastar tanta energia nos frutos significa que ela gasta menos energia em outros itens, digamos se protegendo de concorrentes ou parasitas. E aí que entra o ser humano, escolhendo os melhores morangos, acabando com os concorrentes e parasitas, provendo fertilizante, para que a espécie mimada sobreviva a todas as dificuldades.
Todos os morangos da feira-livre de domingo são poliploides. Isto é fruto de milhares de anos de seleção artificial promovida pelo ser humano, gerando esta espécie bizarra de morango mutante, obeso e preguiçoso que já dominou o mundo dos morangos.
O irônico é que o morango “esquisito” é o morango natural, enquanto o morango “normal” que conhecemos é o verdadeiro esquisito do ponto de vista da natureza.
Todas as plantas domesticadas atuais são assim. Outro caso bizarro é o da uva. No mercado, compramos uvas sem sementes, enormes e doces como balas de caramelo. Quando eu era criança, as uvas tinham sementes e eram meio azedas. A pergunta, como uma planta que costumava ter sementes agora não tem? E como uma uva sem sementes pode se reproduzir? Só com o auxílio do ser humano.
Uma consequência. Quando o ser humano sumir da face da Terra, irão também sumir todos os animais e plantas domesticados por ele. Os morangos poliploides, uvas sem semente e cachorros de madame são os primeiros da fila. Mas, também, as espécies altamente especializadas no ser humano, como o mosquito da dengue.
E, neste mundo pós-humanos, todos os morangos serão como os morangos do Marco Figura. Selvagens, mirrados e prontos para a briga!
O famoso termo “make or buy” é uma falsa dicotomia.
“Make or buy” refere-se à decisão entre fazer algo internamente (make) ou comprar a solução de um terceiro (buy).
Contudo, nas grandes corporações, nos grandes projetos do mundo atual, não existe make or buy. O correto é Make AND Buy. Junto, co-criado à várias mãos.
Isto porque não existe solução pronta, plug and play, ainda mais dada a complexidade crescente do mundo. Sempre haverá mudanças de processos, adequações dos produtos ou serviços às restrições da organização.
O make deve sempre ser acompanhado por algumas partes que devem vir de fora, o buy. O buy deve ser sempre acompanhado de um forte make.
Conheço um CEO de uma grande empresa que nunca contrata uma consultoria para dizer o que fazer. O time dele é quem deve saber o que fazer, e o time contrata terceiros para executar ações específicas. Pode parecer óbvio, mas não é. Já vi o oposto, clientes que compram um projeto e ficam esperando a consultoria ditar o que deve ser feito no trabalho.
O melhor resumo está descrito no brasão da cidade de São Paulo, “NON DUCOR DUCO” – “Não sou conduzido, conduzo”.
O aplicativo Flight Radar é bastante útil, para quem viaja de avião frequentemente.
Este apresenta todos os aviões do mundo em tempo real, na palma do seu celular. Numa folha qualquer eu desenho um avião de partida…
Por exemplo, a figura mostra um avião partindo do Aeroporto de Guarulhos, em SP. Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená..
A grande utilidade para o usuário é que dá para ver quais aviões estão realmente chegando no seu aeroporto. Isso é uma informação excelente, porque a companhia aérea nem sempre é transparente com a informação dos voos (principalmente se vai atrasar muito).
É lúdico dar um menos zoom e olhar o Brasil todo. Mesmo sendo muito cedo (7 da manhã de sábado, momento do print), há muito movimento aéreo no eixo Rio-SP, Brasília, e outros estados como MG, PR, SC, alguns no nordeste, etc.
Focando na Venezuela, nota-se nenhum voo indo para Caracas, sua capital, o que demonstra o “sucesso” do socialismo do séc. XXI.
Passando de uma América a outra num segundo, a do Norte parece um formigueiro, tão repleta de aviões.
Voando, contornando a imensa curva norte-sul, viajando Havaí, Pequim ou Istambul, passamos pela África e pela Europa. A discrepância econômica entre tais continentes é notória.
Giro um simples compasso e num círculo chegamos ao leste asiático, com intenso movimento no eixo Oriente Médio – Índia – Indonésia – China – Japão, e menos movimento na Ásia Central e arredores.
Um zoom nas Coreias do Sul e do Norte. A do Sul é um dos países mais desenvolvidos do mundo, o que reflete no intenso tráfego aéreo com a China, Japão, Taiwan e arredores.
A do Norte é o espaço vazio entre a Coreia do Sul e a China. Nem um único avião, o que demonstra o “sucesso” do socialismo do séc. XX.
Chegamos ao fim de nossa volta ao mundo num segundo. E o trecho da música que eu mais gosto mesmo é o seguinte:
“Numa folha qualquer Eu desenho um navio de partida Com alguns bons amigos Bebendo de bem com a vida”
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