Hoje tomei três táxis (ou uber) em duas cidades diferentes.
Com dois dos três motoristas, eu informei a minha localização, o destino desejado, e chamei o carro. Disse “Bom dia” ao motorista e só.
O motorista apenas seguiu a indicação do Waze, Gmaps ou equivalente. Chegamos sem maiores problemas e nem precisei desembolsar dinheiro, pois foi no cartão de crédito.
O motorista não precisou saber o destino. Não precisou traçar o melhor caminho. Não precisou nem conversar comigo. Ele foi apenas um autômato humano conduzindo o carro. Tal situação era impensável, há alguns poucos anos.
Lamento informar que, em poucas décadas, nem isso ele precisará fazer. Com muita probabilidade, os carros autônomos farão este papel.

O terceiro motorista também começou com um “Bom dia”. Mas este não usou GPS. Disse que o caminho normal tinha muito trânsito, e foi por um alternativo. Deu uma volta imensa, maior do que o necessário. Talvez tivesse sido por ignorância do melhor caminho. Talvez má fé. Mas, de qualquer forma, tenho convicção de que ele “perderia” para o Waze, ou seja, inteligência humana perdendo para algoritmos computacionais.
Como ficarão os empregos do futuro? Hoje, há uma quantidade gigantesca de pessoas trabalhando com transporte de pessoas e de cargas, mas os tempos estão mudando.
Há uma quantidade maior ainda de pessoas trabalhando em empregos de escritório que são rotineiros, e portanto, passíveis de serem substituídos por algo minimamente (ou artificialmente) inteligente.
Tudo o que é puramente mecânico, como apertar parafusos, já foi substituído por máquinas. Agora, tudo o que é rotineiro, repetitivo, e envolve pouca decisão humana tende a ser substituído por softwares.
Há uma série de economistas, como George Zarkadakis e Tyler Cowen, que apontam para um aumento da desigualdade econômica. No futuro, cada vez menos pessoas terão capacidade de fazer o seu salário valer o valor adicionado ao produto ou serviço. Os poucos que conseguirem serão tremendamente mais produtivos que hoje. E haverá uma massa cada vez maior de “perdedores” deste jogo, que terão que se contentar em empregos em serviços (cabeleireiro, jardineiro, padeiro), que são muito difíceis para uma máquina e também são economicamente inviáveis de serem substituídos.
Bom, ninguém sabe exatamente como vai ser o futuro, mas podemos nos precaver de cenários possíveis.
As máquinas (ainda) não conseguem substituir a criatividade e a eficácia. Alguém precisa dizer a elas o que deve ser feito, e como ser feito, para que elas simplesmente façam com eficiência. As máquinas são mais eficientes do que o ser humano em fazer muito bem a mesma coisa. Mas os seres humanos são e serão, por um bom tempo, mais eficazes.
E como ser mais eficaz? Estudando muito, trabalhando muito (e com qualidade), buscando aperfeiçoamento contínuo, questionando tudo, lendo os artigos deste blog – não há uma fórmula perfeita.
Quem sabe, daqui a uns 15 anos, eu entre num táxi, com uma identificação via smartphone, com a rota escolhida pelo Waze. E eu nem precise mais falar “Bom dia”…
Trilha sonora: Bob Dylan, “Os tempos estão mudando” – “The times they’re a-changing”.
Bom dia, Arnaldo!
Ainda nesta linha de pensamento:
http://www.economist.com/blogs/economist-explains/2017/05/economist-explains-6
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Você é bom nisso!!! adoro seus textos e principalmente, sua visão.
forte abraço
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